Toda a pessoa generosa corre o risco de pensar que a santidade é seguir à letra as palavras do Evangelho. Mas há palavras do Evangelho que não podem ser tomadas à letra, por exemplo aquelas que são expressões tipicamente exageradas, destinadas a sacudir o auditório. Dou um exemplo, entre muitos: “Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e deita-o fora…”. É óbvio que o Senhor nos convida, com esta imagem, não a arrancar os olhos no sentido próprio, mas a cortar cerce com olhares de pecado.
Certos livros de espiritualidade do séc.XIX afirmavam que a perfeição consiste na obediência, e que os mandamentos da Lei de Deus, as prescrições da Igreja, as instruções dos Papas, contêm tudo o que é necessário para encontrarmos o nosso caminho. Era o tempo em que se sugeria que a vida do homem na terra tinha começado por um paraíso terreal, onde os homens viveriam como se fossem crianças num infantário perfeito, sem pecados, sem problemas, sem nada de grave a resolver. Acrescentava-se que Jesus tinha vindo ao mundo expressamente para morrer na cruz, e se tinha limitado a obedecer.
Julgo que esta concepção da vida
Padre João Resina Rodrigues