Por outras palavras

Ninguém disse

Que os dias eram nossos

Ninguém prometeu nada

Fui eu que julguei que podia arrancar sempre

mais uma madrugada

Ninguém disse

Que o riso nos pertence

Ninguém prometeu nada

Fui eu que julguei que podia arrancar sempre

Mais

uma gargalhada

E deixar-me devorar pelos sentidos

E rasgar-me do mais fundo que há em mim

Emaranhar me no mundo e morrer por ser preciso

Nunca por chegar ao fim

Mafalda Veiga


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