Economia: Bispos pedem fim dos abusos cometidos pelas empresas

Mais de 100 bispos católicos, entre os quais alguns portugueses, subscreveram manifesto para impedir os abusos cometidos pelas empresas em tempo de covid-19

Um grupo de mais de 100 bispos, de todo o mundo, assinou uma petição dirigida à presidência alemã do Conselho da União Europeia, denunciando as violações aos Direitos Humanos no comércio internacional.

“Agora mais do que nunca, precisamos de uma due diligence obrigatória na cadeia de abastecimento para travar os abusos das empresas e garantir a solidariedade global”, assinala o documento, divulgado em Portugal pela Fundação Fé e Cooperação, um organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.

A missiva considera serem urgente medidas que evitem riscos de violação dos Direitos Humanos e de contaminação do ambiente, reparando as situações negativas que se venham a verificar, direta ou indiretamente, pela ação das empresas.

"Com o surto de Covid-19, a humanidade enfrenta uma crise global sem precedentes. Além da ameaça à saúde pública, as perturbações económicas e sociais ameaçam os meios de subsistência e o bem-estar a longo prazo de milhões de pessoas", denunciam. 

Para os bispos signatários é urgente que as economias sigam os valores da dignidade e da justiça e respeitar os direitos das pessoas e do meio ambiente.

"A nossa forte interligação exige que todos demonstremos responsabilidade uns pelos outros. Mas, muitas vezes, o interesse privado das empresas multinacionais prevalece, quando não conseguem intensificar a solidariedade".

Entre os signatários encontram-se  D. António Marto, cardeal, bispo de Leiria-Fátima; D. Manuel Linda, bispo do Porto; D. Armando Esteves Domingues, bispo auxiliar do Porto; e D. António Vitalino Dantas, bispo emérito de Beja.

A Declaração dos Bispos foi assinada por líderes da Igreja de países como a Índia, Myanmar, Uganda e Colômbia, “onde as comunidades foram afetadas pelas ações irresponsáveis das empresas transnacionais”.

Ao mesmo tempo, muitos bispos da Europa (Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Portugal, Suíça, Holanda) também subscreveram a Declaração, enviando uma “forte mensagem à Europa para que assuma a sua responsabilidade”.

Josianne Gauthier, secretária-geral da CIDSE, rede internacional de organizações católicas para a justiça social,  elogia o facto de “ver tantos representantes da Igreja a falar a uma só voz sobre a questão da regulamentação das empresas, apoiando o trabalho de muitas mulheres e homens, muitos deles parceiros da CIDSE, cuja vida é dedicada à defesa dos direitos humanos e ambientais”.

"A crise do coronavírus deve ser uma oportunidade para começar uma transição justa e implementar um novo sistema económico que sirva primeiro as pessoas e o planeta", consideram os bispos.

Declaração dos Bispos permanecerá aberta para recolher mais assinaturas por parte de mais prelados católicos.

Educris|05.07.2020



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