Ecologia: Papa pede mais «ações» e menos «palavras aos políticos»

Mensagem do Papa aos participantes da conferência sobre o clima marcada pela denuncia e pelo pedido de “coragem política” perante um “desafio de civilização”.

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que decorre em Madrid até ao próximo dia 13 de dezembro.

Na missiva, hoje tornada pública pelos serviços de comunicação do Vaticano, Francisco denuncia aquilo que apelida de “falta de coragem e vontade política” perante o drama climático que atinge milhões de seres humanos em todo o mundo.

“Devemos perguntar-nos hoje se existe uma vontade política de destinar com honestidade, responsabilidade e coragem, mais recursos humanos, financeiros e tecnológicos para mitigar os efeitos negativos das mudanças climáticas, assim como a ajuda das populações mais pobres e vulneráveis que são as mais afetadas”.

Na Carta Francisco recorda o entusiasmo sentido “com o acordo de Paris” e reforça a ideia de que as alterações climáticas apenas podem ser mitigadas “se trabalharmos juntos na construção da nossa casa comum”.

Aos governantes reunidos em Madrid o Papa lembra que “os diversos estudos mostram que os esforços efetivos dos estados na atualidade” nesta matéria “estão muito distantes do que realmente é necessário para alcançar o estabelecido no Acordo de Paris”.

“Demonstra-se o quão longe estão as palavras das ações concretas”, denuncia.

Francisco reflete sobre “as necessárias mudanças no modelo de desenvolvimento” e considera que é urgente “fomentar a solidariedade, reforçando os vínculos na luta contra as alterações climáticas”.

“Necessitamos de um novo rumo que aponte e reoriente recursos financeiros e económicos para as áreas onde urge salvaguardar a dignidade da vida humana num planeta ‘são’ para hoje e amanhã”.

O Papa convida a uma reflexão consciente “acerca dos nossos hábitos de consumo e produção” e sobre os “os processos educativos e de sensibilização” que devem ir ao encontro “da dignidade humana”.

Naquilo que apelida como “um desafio de civilização” Francisco reitera a ideia de que “existe uma oportunidade que não podemos permitir-nos que feche”:

“Devemos aproveitar a ocasião mediante ações responsáveis nos âmbitos económico, tecnológico, social e educativo, sabendo muito bem que as nossas ações são interdependentes”.

Numa altura em que se sucedem pelo mundo inteiro manifestações e greves climáticas promovidas pelos mais jovens o Papa deixa o desafio de nos recordarem como “a geração que renovou e atuou perante o descalabro ecológico”:

“Os jovens mostram hoje grande sensibilidade para estes problemas complexos que acompanham esta ‘emergência’.  Não devemos sobrecarregar as novas gerações com problemas por nós criados. Devemos dar-lhes, em alternativa, a oportunidade de recordar a nossa geração como aquela que renovou e atuou – de consciência honesta, responsável e valente – a necessidade fundamental de colaborar para preservar e cultivar a nossa casa comum”, concluiu.

Educris|04.12.2019



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