Tecnologia/Ética: Linhas de ação contra abuso infantil na internet em conferência internacional

Gigantes do setor tecnológico e religiões estabeleceram objetivos para proteger a infância na rede

O relatório final da «Conferência Internacional de Promoção da Dignidade Infantil Digital: do Conceito à Ação», que decorreu no fim da semana passado, no Vaticano, aponta várias linhas de ação que promovam a dignidade da criança em meio tecnológico.

A iniciativa, que reuniu várias empresas do setor tecnológico e organizações religiosas, quer continuar a “combater o abuso da infância no digital” através do diálogo entre os gigantes do setor com vista à promoção da “dignidade digital das crianças”.

Contando com representantes da Google, Amazon, Paramount Pictures, Facebook, Apple ou Microsoft a conferência serviu para “apresentar dados revelantes sobre o muito que já vai sendo realizado no mundo inteiro” e estabelecer “metas e objetivos concretos de ação”, afirmou aos jornalistas Mario Calvo-Platero, da Child Dignity Alliance.

Jacqueline Beauchere, advogada global de segurança digital da Microsoft destacou o “interesse e o compromisso” desta empresa de tecnologia em encontrar “soluções duráveis ??para esses problemas de exploração e abuso sexual de crianças on-line”.

O CEO da Paramount Pictures, Jim Gianopulos, destacou o “papel principal dos pais como guardiões e protetores da educação completa de seus filhos” e sublinhou a necessidade de um compromisso, de todo o setor, no complemento e aprimorização de medidas de proteção cada vez mais necessárias”.

Já Dave Miles, diretor de políticas de segurança do Facebook para a Europa, Oriente Médio e África, declarou que a sua empresa considera a segurança infantil uma das suas “responsabilidades mais importantes” e deu conta da remoção, por parte do Facebook, de “6,9 milhões de peças de conteúdo que violavam as políticas de nudez infantil ou exploração sexual de crianças, 99% das quais foram removidas antes que alguém as denunciasse”.

Busnelli, da Amazon Future Engineer, lembrou como a “tecnologia está a conduzir a mudanças significativas na nossa sociedade” e explicou o compromisso da gigante americana de estar na linha da frente de um “impacto que se quer positivo no mundo para nós e para os nossos filhos”.

Seis objetivos para a ação

Entre os seis objetivos estabelecidos, está o de mobilizar as grandes religiões do mundo através da criação de um “organismo de consulta que informe e envolva crentes de todas as religiões de forma a promover uma campanha de conscientização popular para melhorar a proteção infantil online”.

Sobre a promoção de «intercâmbio de experiências na prestação de serviços de resgate e tratamento infantil» os participantes vão “convocar uma mesa redonda sobre serviços às vítimas, incluindo nela especialistas na identificação e tratamento das vítimas”.

Outro dos objetivos passa por «aumentar a conscientização sobre os riscos digitais e tornar a prevenção a principal prioridade». Para isso, os signatários do documento final propõem-se a “realizar uma campanha global de prevenção e conscientização. Esta campanha incluirá educação e exploração sexual, os seus impactos económicos e financeiros, intervenção precoce com possíveis infratores e o modelo de saúde pública”.

Para melhor perceber «o fenómeno da exploração sexual online» vai ser criada uma “equipa com alguns dos principais estudiosos e pesquisadores do mundo no campo de abuso e exploração sexual infantil, online e offline” e realizar-se-á uma pesquisa que incluirá “uma análise dos impactos na saúde de jovens sobre pornografia on-line e conteúdo violento on-line”.

Também foi dado particular destaque à necessidade de «Promover a colaboração com empresas de tecnologia» e um maior «intercâmbio de experiências na prestação de serviços de resgate e tratamento infantil».

Propusemos convocar uma mesa redonda sobre serviços às vítimas, que incluirá especialistas na identificação e tratamento das vítimas para promover a implementação de uma abordagem centrada nas vítimas. Um elemento-chave desse objetivo será a identificação e identificação de crianças vítimas no nosso mundo digital.

Educris|18.11.2019