Ângelus: «Adesão ao fogo de amor de Jesus» conduz à missão

Francisco recordou, nesta manhã de domingo, todos os que se dedicam "em voluntariado no verão aos mais pobres, doentes e pessoas com deficiência".

O Papa falou aos peregrinos na praça de São Pedro, no Vaticano, e antes da recitação da oração mariana do Ângelus, recordou o evangelho do dia para sustentar que quem descobre o "fogo do amor de Jesus" abre-se "a obras concretas" para fazer o bem aos outros.

Leia, na íntegra, a alocução do Papa Francisco.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Na página do Evangelho de hoje (cf. Lc 12, 49-53), Jesus adverte os seus discípulos de que chegou o momento de tomar uma decisão. A sua vinda ao mundo coincide com o tempo das escolhas decisivas: a opção pelo Evangelho não pode ser adiada. E para que esta chamada seja compreendida melhor, ele serve-se da imagem do fogo que ele mesmo veio trazer à terra. Ele diz: «Eu vim lançar fogo sobre a terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado!» (v. 49). Estas palavras pretendem ajudar os discípulos a abandonar toda atitude de preguiça, apatia, indiferença e fechamento para acolher o fogo do amor de Deus, aquele amor que, como recorda São Paulo, «foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo» (Rm 5, 5). Porque é o Espírito Santo que nos faz amar a Deus e amar o próximo; é o Espírito Santo que todos nós temos dentro de nós.

Jesus revela aos seus amigos, e também a nós, o seu desejo mais ardente: levar à terra o fogo do amor do Pai, que acende a vida e pelo qual o homem é salvo. Jesus chama-nos a espalhar este fogo no mundo, graças ao qual seremos reconhecidos como seus verdadeiros discípulos. O fogo do amor, acendido por Cristo no mundo através do Espírito Santo, é um fogo sem limites, é um fogo universal. É o que se verifica desde os primeiros tempos do cristianismo: o testemunho do Evangelho difundiu-se como um fogo benéfico, superando todas as divisões entre indivíduos, categorias sociais, povos e nações. O testemunho do Evangelho queima, queima todas as formas de particularismo e mantém a caridade aberta a todos, com a preferência pelos mais pobres e pelos excluídos.

A adesão ao fogo do amor que Jesus trouxe à terra envolve toda a nossa existência e requer adoração a Deus e também a disponibilidade para servir o próximo. Adoração a Deus e disponibilidade para servir o próximo. A primeira, adorar a Deus, significa também aprender a oração de adoração, que normalmente esquecemos. É por isso que convido todos a descobrir a beleza da oração de adoração e a praticá-la com frequência. E depois a segunda, a disponibilidade para servir os outros: penso com admiração em muitas comunidades e grupos de jovens que, mesmo durante o verão, se dedicam a este serviço aos doentes, aos pobres, às pessoas com deficiência. Para viver segundo o espírito do Evangelho é necessário que, diante das necessidades sempre novas que surgem no mundo, haja discípulos de Cristo que saibam responder com novas iniciativas de caridade. Por isso, com a adoração a Deus e o serviço ao próximo — juntos, adorando Deus e servindo o próximo — o Evangelho manifesta-se verdadeiramente como o fogo que salva, que transforma o mundo a partir da mudança do coração de cada um.

Nesta perspetiva, compreendemos também a outra afirmação de Jesus no trecho evangélico de hoje, que à primeira vista pode desconcertar: «Pensas que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas divisão» (Lc 12, 51). Ele veio para «separar com o fogo». Separar o quê? O bem do mal, o justo do injusto. Neste sentido ele veio para «dividir», para pôr em «crise» — mas de forma saudável — a vida dos seus discípulos, pondo fim às ilusões fáceis daqueles que acreditam que podem combinar vida cristã e mundanidade, vida cristã e compromissos de todos os tipos, práticas religiosas e atitudes contra os outros. Combinar, pensam alguns, a verdadeira religiosidade com práticas supersticiosas: muitos que se consideram cristãos vão ao adivinho ou à adivinha para que lhes leiam as mãos! E isto é superstição, não é de Deus. Trata-se de não viver de forma hipócrita, mas de estar disposto a pagar o preço de escolhas coerentes — é esta a atitude que cada um de nós deve procurar na vida: a coerência — pagar o preço da coerência com o Evangelho. Coerência com o Evangelho. Porque é bom considerar-nos cristãos, mas sobretudo devemos ser cristãos em situações concretas, testemunhando o Evangelho que é essencialmente amor a Deus e aos irmãos.

Maria Santíssima nos ajude a deixar-nos purificar o coração com o fogo que Jesus trouxe, a difundi-lo na nossa vida, através de escolhas decisivas e corajosas.

17.08.2019



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