«Não há ecologia sem antropologia adequada», adverte Francisco

Mensagem dirigida ao II Fórum das comunidades Laudato Si’ marcada por alertas sobre o descalabro ecológico na Amazónia e pela urgência de uma igreja que não pactue com o silêncio.

O Papa Francisco enviou hoje uma mensagem doa participantes do II Fórum das Comunidades Laudato Si’ que decorre em Itália, região de Amatrice, marcada pelos fortes sismos de 2016.

Na missiva o Papa recordou “os mortos provocados pelos desequilíbrios que assolam a nossa casa comum” e lembrou que a devastação ambienta atinge, primeiramente, os pobres sendo necessária uma antropologia adequada para uma Ecologia integral:

“As feridas infligidas ao meio ambiente são inexoravelmente feridas à humanidade mais indefesa. Na Encíclica Laudato si ’escrevi: «Não haverá uma nova relação com a natureza sem um novo ser humano. Não há ecologia sem antropologia adequada»”.

No texto o Papa louva os esforços “pela questão do plástico” e pede agora um olhar do mundo “para a situação grave e insustentável da Amazónia e dos povos que a habitam”.

“A situação na Amazónia é um triste paradigma do que está a acontecer em muitas partes do planeta: uma mentalidade cega e destrutiva que prefere o lucro à justiça; destaca a atitude predatória com a qual o homem se relaciona com a natureza. Por favor, não esqueçais que a justiça social e a ecologia estão profundamente interligadas! O que está a acontecer na Amazónia terá repercussão em nível planetário”, alertou o Pontífice.

À comunidade internacional Francisco pediu “que não permaneça como espetador indiferente face a esta destruição” e recordou São Paulo VI, na Populorum Progressio, para pedir uma Igreja que “não permaneça em silêncio, mas que faça ressoar na sua boca o grito dos pobres”.

No final da mensagem o Papa sustentou a necessidade da adoção de “novos estios de vida” a partir de três palavras: “doxologia, eucaristia e ascese”.

“Precisamos assumir a atitude de louvor. Diante de tanta beleza, com uma maravilha renovada, com olhos infantis, devemos ser capazes de apreciar a beleza pela qual estamos cercados e da qual o homem também é tecido. O louvor é fruto da contemplação, a contemplação e o louvor levam ao respeito, o respeito torna-se quase veneração diante dos bens da criação e do seu Criador”.

Sobre a “eucaristia” Francisco reforçou a ideia de uma “atitude eucarística perante o mundo” de modo a que o Homem de hoje perceba a criação “como dom gratuito que não pode ser saqueado ou engolido, mas dever ser compartilhado e dado como presente a outros”.

Por fim o Papa pediu “ascetismo” pois “apenas uma atitude ascética” pode ajudar a “converter a atitude predatória, sempre à espreita, a assumir a forma de compartilhamento, de relacionamento ecológico, respeitoso e educado”, finalizou.

Fotografia: padre Firmino Cachada

Educris|07.07.2019



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