Homilia: A transmissão da fé e um «coro polifónico»

No domingo do Batismo do Senhor o Papa Francisco batizou algumas dezenas de crianças na capela Sistina. Na sua homilia Francisco lembrou aos pais que a sua missão é a da "transmissão da fé" e deu alguns conselhos aos esposos para que "nunca discutam em frentes dos mais novos".

Leia, na íntegra, a homilia do Papa Francisco

 

No início da cerimónia foi feita uma pergunta: “O que pedis para os vossos filhos?”. E todos vós dissestes: “A Fé”. Vós pedis à Igreja a fé para os vossos filhos e hoje receberão o Espírito Santo e o dom da fé, cada um no seu próprio coração, na sua própria alma. Mas esta fé deve então desenvolver-se, deve crescer. Sim, alguém pode dizer-me: "Sim, sim, eles devem estudá-la...". Sim, quando tiverem o catecismo, estudam bem a fé, aprendem a catequese. Mas antes de ser estudada, a fé deve ser transmitida, e este é um trabalho que depende de vós. É uma tarefa que vós recebeis hoje: transmitir a fé, a transmissão da fé. E isto é feito em casa. Porque a fé deve sempre ser transmitida "em dialeto": o dialeto da família, o dialeto da casa, na atmosfera da casa.

Esta é a vossa tarefa: transmitir a fé pelo exemplo, pelas palavras, ensinando a fazer o sinal da cruz. Isto é importante. Vede, há crianças que não sabem fazer o sinal da cruz. "Faça o sinal da cruz": e fazem algo assim [ndr: o Papa exemplificou com gestos], que nem se entende bem o que é. Primeiro de tudo, ensinai isto a eles.

Mas o importante é transmitir a fé com a vossa vida de fé: eles veem o amor dos cônjuges, veem a paz da casa, veem que Jesus está ali. E permiti-me um conselho – desculpai-me, mas eu aconselho-vos isto - : Nunca litigais na frente das crianças, nunca. É normal que os cônjuges discutam, é normal. O oposto seria estranho. Fazei-o, mas que eles não ouçam, que eles não vejam. Não conheceis a angústia que uma criança recebe quando vê os seus pais discutirem. Isto, permiti-me, é um conselho que ajudará na transmissão da fé. Mas é mau discutir? Nem sempre, mas é normal, é normal. Mas que as crianças não vejam, não o sintam, por causa da angústia.

E agora continuemos a cerimónia do batismo, mas tende isto em mente: a vossa tarefa é transmitir a fé. Transmiti-la e casa, porque é ali que ela é aprendida; depois estuda-se na catequese, mas em casa [recebe-se] fé.

E antes de continuar gostaria de vos dizer mais uma coisa: Sabeis que as crianças se sentem hoje num ambiente que é estranho: um pouco quente demais, elas estão protegidas... E sentem o ar abafado ... Então choram porque estão com fome, estão com fome. E uma terceira razão para chorar é o "grito preventivo". Uma coisa estranha: eles não sabem o que vai acontecer, e pensam: "Eu choro primeiro, depois vamos ver...". É uma defesa. Eu digo-vos: eles estão confortáveis. Tende cuidado para não os tapardes demais. E se eles choram por fome, amamentem-nas. Às mães, eu digo: Amamentai as crianças, tranquiliza, o Senhor quer isso. Por que, onde está o perigo?, que também eles tenham uma vocação polifónica: um começa a chorar e o outro faz o contraponto, e depois o outro, e no final é um coro de lágrimas!

E assim avançamos nesta cerimónia, em paz, com a consciência de que é a vossa vez de transmitir a fé.

Tradução Educris a partir do original em italiano

13.01.2019



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