Dois sacerdotes estão em as vitimas de um atentado num campo de refugiados na República Centro Africana
Mais de quatro dezenas de pessoas perderam a vida, entre as quais dois sacerdotes, em resultado de um massacre ocorrido na passada quinta-feira num campo de refugiados em Alindao(fotos AIS), na República Centro-Africana, situado mesmo em frente à Igreja local, que foi incendiada, tal como a quase totalidade das tendas e estruturas de apoio existentes nesse campo.
Dezenas de rebeldes ex-Séléka (agora agrupados na União para a Paz na República Centro-Africana, UPC, na sigla em francês) lançaram o ataque armado em Alindao, cidade situada a cerca de 300 quilómetros a leste da capital, Bangui, aparentemente em retaliação pelo assassinato, dias antes, de um muçulmano às mãos dos ‘anti-Balaka’.
O primeiro balanço do massacre aponta para 42 vítimas mortais, mas teme-se que o número venha a ser mais elevado. O Padre Blaise Mada, que era o vigário-geral da diocese, foi assassinado durante o ataque, assim como o Padre Celestine Ngoumbango, que se encontrava também no local. O corpo do Padre Celestine foi encontrado horas depois, calcinado, o que faz temer que possa ter sido queimado vivo, tal como terá acontecido com outros refugiados que estavam no campo na altura do ataque.
Horas depois do ataque, o Padre Marcellin Kpeou, um centro-africano que vive em Roma há cerca de duas décadas mas que mantém um contacto permanente com o seu país, afirmava ao portal de notícias do Vaticano que a responsável pelo economato da diocese de Alindao tinha-o informado “da morte de dois sacerdotes”, acrescentando a informação de que, de facto, muitas dos que se encontravam no local “foram queimados vivos e as suas tendas incendiadas”.
Há também o relato de que milhares de pessoas fugiram para a floresta. Isso mesmo foi confirmado pelo porta-voz das Nações Unidas na República Centro-Africana. “Parte da população fugiu para a floresta”, afirmou Vladimir Monteiro em declarações à agência France-Press, acrescentando que “centenas de deslocados refugiaram-se no posto militar avançado” das Nações Unidas.
O Papa Francisco referiu-se, no passado domingo, a este ataque, após a oração do Angelus, na Praça de São Pedro, lembrando que foi neste país, mais precisamente na Catedral de Bangui, que abriu a porta santa do Jubileu da Misericórdia, em Novembro de 2015, há três anos. “Com tristeza, recebi a notícia do massacre perpetrado há dois dias num campo de deslocados na República Centro-Africana, no qual morreram também dois sacerdotes. A este povo tão querido para mim, onde abri a primeira Porta Santa do Ano da Misericórdia, expresso toda a minha proximidade e meu amor. Rezamos pelos mortos e feridos e para que cesse toda violência naquela amada nação que tanto precisa de paz.”
A República Centro-Africana vive uma terrível onda de violência desde a queda do presidente François Bozizé em 2013, com grupos armados muçulmanos, os Séléka, a espalharem a violência contra as populações civis, o que deu origem à criação de grupos de auto-defesa, conhecidos localmente como os “anti-Balaka”. Calcula-se que, em todo o país, haverá 18 milícias armadas que são responsáveis pelos ataques contra as populações, raptos, roubos de recursos minerais, especialmente ouro e diamentes, assim como gado e contrabando.
Educris com AIS
20.11.2018