Ângelus:«O encontro definitivo com o Senhor», a meta humana

Antes da recitação do Ângelus o Papa Francisco reflretiu sobre o sentido da vida humana e sobre o encontro com Jesus no fim dos tempos.

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Na passagem do Evangelho deste domingo (cf. Mc 13, 24-32), o Senhor quer instruir os seus discípulos sobre os acontecimentos futuros. Não é, em primeiro lugar, um discurso sobre o fim do mundo, mas sim um convite a viver bem o presente, estar vigilante e sempre prontos a dar contas sobre as nossas vidas quando formos chamados. Jesus diz: «Naqueles dias, após a tribulação, o sol escurecerá, a lua não mais dará a sua luz, as estrelas cairão do céu» (v. 24-25). Estas palavras fazem-nos pensar na primeira página do Livro de Génesis, a história da criação: o sol, a lua, as estrelas, que desde o início dos tempos brilham na sua ordem e trazem luz, sinal de vida, estão aqui descritas nas suas decadências, caindo na escuridão e no caos, sinal do fim. Em vez disso, a luz que brilhará no último dia será única e nova: será a do Senhor Jesus que virá em glória com todos os santos. Nessa reunião veremos finalmente o seu rosto à luz plena da Trindade; um rosto radiante de amor, diante do qual todo o ser humano aparecerá em total verdade.

A história da humanidade, assim como a história pessoal de cada um de nós, não pode ser entendida como uma simples sucessão de palavras e factos sem sentido. Não pode sequer ser interpretada à luz de uma visão fatalista, como se tudo já estivesse pré-estabelecido de acordo com um destino que subtrai todo o espaço de liberdade, impedindo a tomada de compromissos sérios que são o resultado de uma decisão verdadeira. No evangelho de hoje, pelo contrário, Jesus diz que a história dos povos e dos indivíduos tem um objetivo e uma meta a ser alcançada: o encontro definitivo com o Senhor. Não sabemos o tempo nem o modo pelo qual isso acontecerá; o Senhor reiterou que «ninguém conhece nem os anjos do céu nem o Filho» (v. 32); tudo é mantido no segredo do mistério do Pai. Sabemos, no entanto, um princípio fundamental com o qual nos devemos confrontar: «O céu e a terra passarão - diz Jesus - mas as minhas palavras não passarão» (v. 31). O verdadeiro ponto crucial é isto. Nesse dia, cada um de nós terá que entender se a Palavra do Filho de Deus iluminou a sua existência pessoal, ou a ela virou costas, preferindo confiar nas suas próprias palavras. Será mais do que nunca o momento em que nos abandonaremos definitivamente ao amor do Pai e confiarmo-nos à sua misericórdia.

Ninguém pode escapar deste momento, nenhum de nós! A astúcia, que muitas vezes colocamos no nosso comportamento para dar crédito à imagem que queremos oferecer, não será mais necessária; Da mesma forma, o poder do dinheiro e os meios económicos com os quais presumimos comprar tudo e todos, não podem mais ser usados. Não teremos connosco nada além do que alcançamos nesta vida acreditando na sua Palavra: tudo e nada do que experimentamos ou negligenciámos realizar. Connosco só tomaremos aquilo que doámos.

Invocamos a intercessão da Virgem Maria, para que a constatação da nossa temporalidade na terra e da nossa limitação não nos afunde na angústia, mas leve-nos de volta à responsabilidade para connosco, para o nosso próximo, para o mundo inteiro.

Tradução Educris a partir do original em italiano|19.11.20148



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