Missa em Santa Marta: «O caminho do discípulo» e as «três formas de pobreza»

Francisco apontou a pobreza de riquezas, das perseguições e da solidão como modos de chamamento ao ser discípulo. Papa lembrou testemunho escutado no Sínodo dos Bispos sobre a juventude acerca de um jovem cristão perseguido.

O Papa Francisco advertiu hoje, durante a homilia no decurso da eucaristia a que presidiu em Santa Marta, no Vaticano, para a necessidade dos verdadeiros discípulos de Jesus estarem conscientes que são chamados a fazer caminho “sem bolsa, alforge ou sandálias”.

 Tomando a passagem do evangelho proposto pela liturgia de hoje e que narra o envio dos 72 discípulos o papa convidou os presentes a meditarem sobre as “três etapas” da pobreza necessárias ao caminho no discipulado:

“O ser discípulo começa com o distanciamento do dinheiro e das riquezas e é a condição para empreender o caminho do discipulado. Consiste em ter um ‘coração pobre’ mesmo quando são necessárias estruturas e organizações mais complexas. Agir sempre com uma grande atitude de desapego”, apelou o papa.

Recuperando a passagem do jovem rico, do evangelho de Domingo passado, Francisco recordou que este “comoveu o coração de Jesus, mas não o seguiu porque estava preso às riquezas”:

“Se quiserdes seguir o Senhor, escolhei o caminho da pobreza e se tiverdes riquezas, que sejam para servir os outros, mas com o coração desapegado. O discípulo não deve ter medo da pobreza”, sustentou.

Sobre as perseguições a que muitos cristãos são submetidos Francisco apresentou-as como uma “segunda forma de pobreza” lembrando que Jesus envia os discípulos “como cordeiros para o meio de lobos”. Neste ponto recordou o caso de um jovem cristão perseguido no seu país e cujo caso foi apresentado no Sínodo dos Bispos:

“Ontem, na Sala do Sínodo, um bispo de um destes países onde há perseguição contou uma história acerca de um jovem católico levado por um grupo de rapazes que odiavam a Igreja, fundamentalistas; foi agredido e depois atirado para dentro de uma cisterna, lançaram para lá lama até que lhe chegar ao pescoço. Então, e não contentes com o que lhe tinham feito disseram-lhe: «renuncias agora à tua fé em Jesus Cristo?» Não contentes com o «não» que obtiveram como resposta da parte do jovem mataram-no à pedrada”.

“Estas coisas não aconteceram há seculos atrás. Este caso te dois meses. Hoje existem muitos cristãos que sofrem perseguições físicas.

A terceira forma de pobreza apresentada pelo papa é a da “solidão”:

“O exemplo chega-nos na primeira leitura de um Paulo que «não tendo medo de nada» se sente abandonado por todos menos pelo Senhor”:

“Aconteceu com Paulo e pode acontecer a um jovem ou uma jovem de 17 ou 20 anos, que com todo o entusiasmo deixa as riquezas para seguir Jesus, depois, com firmeza e fidelidade tolera as calúnias, perseguições diárias e ciúmes, pequenas ou grandes perseguições”, e no final o Senhor também pode pedir a solidão do fim”.

Isto mesmo “vemos em João Batista, em Pedro e no próprio Jesus que termina o seu caminho na cruz com a oração ao Pai: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?».

No final Francisco rezou e convidou os presentes a rezarem por todos os discípulos, “ sacerdotes, religiosas, bispos, papas, leigos para que saibam percorrer o caminho da pobreza como o Senhor deseja”.

Educris com Osservatore Romano

18.10.2018

 



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