Ângelus: «Um reino que cresce, e um Deus das surpresas"

Francisco recitou, nesta manhã de Domingo, a oração do Ângelus na praça de São Pedro, no Vaticano. Na sua alocução o Papa lembrou que o reino de reino "cresce no mundo de modo misteríoso" e pediu aos crentes para se deixarem surpreender "pelo Deus das surpresas"

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Na passagem do Evangelho de hoje (cf. Mc 4, 26-34), Jesus fala às multidões do Reino de Deus e dos dinamismos do seu crescimento, e fá-lo contando duas breves parábolas.

Na primeira parábola (vv. 26-29), o Reino de Deus é comparado ao crescimento misterioso da semente, que é atirada ao chão e depois brota, cresce e produz a espiga, independentemente do cuidado do agricultor, que no final da maturação provê à colheita. A mensagem que esta parábola nos dá é esta: através da pregação e da ação de Jesus, o Reino de Deus é anunciado, irrompendo no campo do mundo e, como a semente, cresce e desenvolve-se por si mesmo, por força própria e segundo critérios humanamente não decifráveis. No seu crescimento e surgimento na história, não depende tanto da obra do homem, mas é acima de tudo uma expressão do poder e da bondade de Deus, do poder do Espírito Santo que leva para a frente a vida cristã no povo de Deus.

Às vezes, a história, com os seus eventos e os seus protagonistas, parece ir na direção oposta ao plano do Pai celeste, que deseja justiça, fraternidade e paz para todos os seus filhos. Mas somos chamados a viver estes períodos como tempos de julgamento, esperança e vigilância, aguardando a colheita. De facto, ontem como hoje, o Reino de Deus cresce no mundo de maneira misteriosa, de maneira surpreendente, revelando o poder oculto da pequena semente, a sua vitalidade vitoriosa. Dentro das dobras dos eventos pessoais e sociais que às vezes parecem marcar o naufrágio da esperança, devemos permanecer confiantes na ação subterrânea mas poderosa de Deus. É por isso que, em momentos de escuridão e dificuldade, não devemos quebrar, mas permanecer ancorados na fidelidade de Deus, na sua presença que salva sempre. Lembrai-vos disto: Deus salva sempre. Ele é o salvador.

Na segunda parábola (Crf vv.  30-32), Jesus compara o Reino de Deus a um grão de mostarda. É uma semente muito pequena, mas que se desenvolve tanto que se torna a maior de todas as plantas do jardim: um crescimento surpreendente e imprevisível. Não é fácil entrarmos nesta lógica da imprevisibilidade de Deus e aceitá-la nas nossas vidas. Mas hoje o Senhor exorta-nos a uma atitude de fé que supere os nossos planos, os nossos cálculos, as nossas previsões. Deus é sempre o Deus das surpresas. O Senhor sempre nos surpreende. É um convite para nos abrirmos mais generosamente aos planos de Deus, tanto a nível pessoal como comunitário. Nas nossas comunidades precisamos de prestar atenção às pequenas e grandes oportunidades de bondade que o Senhor nos oferece, deixando-nos envolver na sua dinâmica de amor, de acolhimento e de misericórdia para com todos.

 

A autenticidade da missão da Igreja não é dada pelo sucesso ou gratificação dos resultados, mas por avançar com a coragem da confiança e a humildade no abandono em Deus. Avançar na confissão de Jesus e com o poder do Espírito Santo. É a consciência de ser instrumentos pequenos e fracos, que nas mãos de Deus e com a sua graça podem fazer grandes obras, fazendo avançar o seu Reino que é "justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Rm 14.17). Que a Virgem Maria nos ajude a sermos simples, estarmos atentos, colaborar com a nossa fé e com o nosso trabalho no desenvolvimento do Reino de Deus nos corações e na história.



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