Egito: Sete tentações a que se deve resistir

Depois de ter presidido à Missa, nesta manhã no Cairo, para milhares de pessoas, Francisco reuniu-se com cerca de 1500 padres, religiosos, religiosas e seminaristas no seminário copta-católico de Maadi, na periferia sul da capital egícpcia.

Aos membros dos institutos de vida religiosa, o Papa deixou vários pedidos, em particular, para que resistam a sete tentações no meio de "tantos profetas da condenação e da destruição":

1- A tentação de se deixar levar e não conduzir. O Bom Pastor tem o dever de conduzir o rebanho (cf. Jo 10,3-4), para o conduzir à erva fresca e à fonte de água (cf. Sl 23). Não pode deixar-se conduzir pela desilusão e pessimismo: "O posso eu fazer". Ele está sempre cheio de iniciativa e criatividade como uma fonte a jorrar mesmo quando é drenado; tem sempre uma carícia de consolação mesmo quando o seu coração está despedaçado; Ele é um pai quando os filhos o tratam, mas especialmente quando eles não são gratos (cf. Lc 15,11-32). A nossa fidelidade ao Senhor nunca deve depender da gratidão humana "O teu Pai, que vê em secreto, te recompensará" (Mt 6,4.6.18).

2- A tentação de lamentar-se constantemente. É fácil culpar sempre os outros, pelos fracassos dos superiores, pelas condições eclesiásticas ou sociais, pelas escassas possibilidades... Mas quem é consagrado com a unção do Espírito Santo transforma cada obstáculo em oportunidade, e não cada dificuldade em desculpa! Quem está sempre a reclamar é realmente aquele que não vai trabalhar. É por isso que o Senhor, abordando os pastores disse, "levantai as mãos inertes e os joelhos desconjuntados" (Hebreus 12,12; cf. Is 35,3).

3 -  A tentação do dizer mal e da inveja. E isto é mau! O perigo é grave quando a pessoa consagrada, em vez de ajudar as crianças a crescer e alegrar-se com o sucesso de nossos irmãos e irmãs, se deixa dominar pela inveja e começa um caminho de ferir o outro com o dizer mal. Quando, em vez de se esforça para crescer, começa a destruir aqueles que estão a crescer; em vez de seguir os bons exemplos, julga-los e diminui o seu valor. A inveja é um câncro que destrói pouco a pouco o corpo: "Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode levantar-se; se uma casa está dividida contra si mesma, tal casa não pode levantar-se” (Mc 3,24-25). Na verdade - não se esqueçam! -, "Por inveja do diabo entrou a morte no mundo" (Sb 2,24). E o dizer mal é o meio e a arma.

4- A tentação de comparações com os outros. A riqueza reside na diversidade e da singularidade de cada um de nós. Compararmo-nos com aqueles que estão bem leva-nos a cair no rancor; compararmo-nos com aqueles que estão em pior situação leva-nos, muitas vezes, a cair na arrogância e na preguiça. Quem tende sempre a comparar-se com o outro acaba paralisado. Aprendamos com os santos Pedro e Paulo a viver a diversidade de personagens, dos carismas e opiniões na escuta e docilidade ao Espírito Santo.

5- A tentação do “faraonismo" - estamos no Egito! – Trata-se de endurecer o coração e fechá-lo ao Senhor e aos outros. É tentador sentir-se sobranceiro ao outro e, em seguida, submetê-los a si mesmo por vanglória; Ter a presunção de ser servido em vez de servir. É uma tentação comum desde o início até mesmo aos discípulos, que - diz o Evangelho - "na estrada tinham discutido uns com os outros sobre qual era o maior entre eles" (Mc 9, 34). O antídoto para este veneno é: "Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos" (Marcos 9, 35).

6- A tentação do individualismo. Como se diz no famosos ditado egipcio: "Eu, e depois de mim o dilúvio." É a tentação do egoísmo que, ao longo do caminho, perde a meta e, em vez de pensar nos outros pensa em si mesmo, não sentindo vergonha alguma, e, até mesmo, justificando –se. A Igreja é a comunidade dos fiéis, o corpo de Cristo, onde a salvação de um membro do programa está ligada à santidade de todos (cf. 1 Cor 12,12-27; Lumen Gentium, 7). O individualista é, não poucas vezes, motivo de escândalo e conflito.

7- A tentação de andar sem bússola e sem meta. A pessoa consagrada perde a sua identidade e começa a não ser "nem carne nem peixe." Vive com o coração dividido entre Deus e a mundanidade. Esquece-se do seu primeiro amor (Ap 2, 4). De facto, sem ter uma identidade clara e solida o consagrado caminha sem orientação e em vez de guiar os outros dispersa-os. A vossa identidade como filhos da Igreja é esta mesma de serem coptas – aqui radica a vossa nobre e antiga raiz – e ser católico – ser parte da Igreja una e universal: como uma árvore que está enraizada na terra e no mais alto do céu!

O encontro de oração encerrou o programa da 18ª viagem internacional do atual pontificado, iniciada na tarde de sexta-feira.

 

A cerimónia de despedida está marcada para o aeroporto internacional do Cairo.

 

Imagem: Reuteurs

Tradução: Educris a partir do original em italiano



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