Covid-19: Papa pede «plano mundial» para «o desenvolvimento integral dos povos»

Mensagem ao Banco Mundial e ao FMI defende financiamento solidário de vacinas para o Covid-19 e a redução das dívidas dos países mais pobres

O Papa Francisco desafiou hoje o Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) a encontrar formas de criar “redes de relações” que ajudem a promover “desenvolvimento humano integral de todos os povos”.

“Persiste uma necessidade urgente de um plano global que possa criar novas ou regenerar instituições existentes, particularmente aquelas de governança global, e ajudar a construir uma nova rede de relações internacionais para promover o desenvolvimento humano integral de todos os povos”.

Numa mensagem divulgada hoje pelo Vaticano, o papa considera ser vital o “financiamento solidário” e a “distribuição das vacinas contra a Covid-19” às populações mais pobres.

“Precisamos especialmente de uma solidariedade de vacinas, justamente financiadas, pois não podemos permitir que a lei do mercado tenha precedência sobre a lei do amor e da saúde de todos”.

O Banco Mundial e o FMI estão reunidos online até ao próximo da 11 de abril na designada “reunião da primavera”. Os responsáveis mundiais refletem sobre o impacto da pandemia covid-19 nas economias e nos mercados mundiais.

Na missiva Francisco defende uma “redução significativa do peso da dívida” das nações mais pobres, com gesto “profundamente humano” numa altura de agravamento das assimetrias no desenvolvimento dos povos.

“Um espírito de solidariedade global também exige, pelo menos, uma redução significativa do peso da dívida das nações mais pobres, que foi exacerbado pela pandemia. Aliviar o peso da dívida de tantos países e comunidades é hoje um gesto profundamente humano que pode ajudar as pessoas a se desenvolverem, a terem acesso a vacinas, saúde, educação e empregos”.

Citando a enciclia Laudato Si’ o papa alerta para um outro tipo de dívida, a “dívida ecológica”, e pede aos países desenvolvidos ações concretas que limitem o consumo “de energia não sustentável” diminuindo o fosso entre o norte e o sul do globo.

“Estamos, de facto, em dívida com a própria natureza, bem como com as pessoas e países afetados pela degradação ecológica induzida pelo homem e pela perda de biodiversidade. Nesse sentido, acredito que a indústria financeira, que se distingue pela sua grande criatividade, se mostrará capaz de desenvolver mecanismos ágeis de cálculo dessa dívida ecológica, para que os países desenvolvidos possam pagá-la, não apenas limitando significativamente o seu consumo de energia não renovável como também auxiliando os países mais pobres na implementação de políticas e programas de desenvolvimento sustentável, mas também cobrindo os custos da inovação necessária para esse fim”.

Perante as “graves crises socioeconómicas, ecológicas e políticas”, geradas pela Covid-19, o papa apela a um modelo de recuperação que possa ser “capaz de gerar soluções novas, mais inclusivas e sustentáveis para apoiar a economia real”.

“A noção de recuperação não pode se contentar com um regresso a um modelo desigual e insustentável de vida económica e social, onde uma pequena minoria da população mundial possui metade de sua riqueza”, afirma.

Educris|08.04.2021



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