No Encontro Nacional de Catequese, o Bispo de Setúbal abordou a necessidade da existência de afetos no discipulado cristão como pressuposto para a criação de uma nova família humana
Na conferência «O discipulado no Novo testamento» D. José Ornelas apontou os “afetos” como fundamentais “no discipulado”:
“Os afetos são vitais e servem para deixar livres e criar possibilidades. Quem responde a um chamamento tem de estar atento aos afetos. Significa alguém que desenvolve um sentir que se abre ao mundo, mas que tem consciência de onde parte”, situou.
Para o prelado a catequese atual deve “ser um apelo e um desafio ao crescimento e ao desconhecido” preparando os mais novos para “uma Igreja que é Reino de Deus constantemente em ebulição”.
Deste modo “os afetos têm de estar sempre presentes na nossa ação mas sempre em reformulação” para “deixar livres e criar possibilidades no caminho do discipulado”:
“A catequese é uma forma de criar afetos distintos e progressivos capazes de abrir a família à grande família que é aparoquia, a comunidade, a Igreja e o mundo”, disse.
D. José Ornelas lembrou a “tentação de fazer da catequese somente uma moral. O pode ou não se pode fazer isto ou aquilo”.
Para o prelado “Jesus pode muito bem com os nossos erros e asneiras. O que ele não pode é com a nossa falta de imaginação. Aquele que esconde o talento é o que fica na escuridão”, apontou.
Deus quer mudar as relações, criar uma história comum com a Humanidade
O Bispo de Setúbal convidou os catequistas a “ensinar a fazer perguntas” à boa maneira de Jesus:
“Ajudar as crianças e ensinar a duvidar. Quem não duvida não tem fé. Se busco é porque sinto sede. Se não busco a melhor bebida não serve. A criança tem este sentido: Convidar à proximidade, ao encontro ao «venham ver». É importante que as crianças percebam que os pais e os catequistas também têm muitas perguntas que apontam para um caminho gradual. Jesus não antecipa tudo aos discípulos. É ver e ir experimentando. Há que ter paciência e não ter a tentação de querer ter as crianças muito quietinhas porque elas aprendem brincando”, reforçou.
“O discipulado não é um credito para os bons. Se Jesus fosse o diretor dos recursos humanos de uma empresa não sobrava um. Que critério é este o de Jesus? O chamamento é um gesto de misericórdia, carinho e de desafio”, explicitou.
Para D. José Ornelas o “chamamento de Deus é o convite a criar a casa comum da humanidade. O chamamento de Jesus não é para formar um clube, uma pagina de fãs. É para abrir ao mundo, numa dinâmica de felicidade que passa pela criação de um mundo novo assente no discipulado”.
Educris|04.04.2018
OUça e leve consigo em mp3 o áudio da conferência de D. José Ornelas, Bispoda diocese de Setúbal, no 57º Encontro Nacional de Catequese que decorreu em Setúbal de 3 a 6 de abril de 2018.