«Se os leigos despertarem teremos uma revolução na pastoral», D. Antonino Dias

Diocese de Portalegre-Castelo Branco reuniu mais de uma centena e meia de catequistas numa inédita edição online

D. Antonino Dias, bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, desafiou ontem os catequistas diocesanos a serem “criativos no modo como transmitem a fé” procurando “adequar a linguagem aos diferentes ambientes em que a catequese acontece”.

“Hoje, em certa medida, vivemos a mesma ignorância acerca da experiência religiosa que se vivia no tempo de São João Crisóstomo ou na idade média. Usamos uma linguagem a que quase ninguém consegue aceder porque falta um substrato que tomamos por natural e que hoje se exprime por uma ignorância religiosa”.

Aos catequistas o bispo diocesano lamentou que na atualidade "as pessoas sejam pouco exigentes" com as questões da fé.

“Vivemos hoje uma época em que as pessoas se contentam com pouco. Tem a sua piedade e o seu sentimento religioso e o que transmitimos não é empático porque não é percetível para a maioria. Falamos de determinada maneira que supõe um pré - conhecimento que, tantas vezes, já não existe”.

Numa conferência subordinada ao tema «Família hoje: primeiro lugar da catequese na Igreja», D. Antonino Dias agradeceu o trabalho dos catequistas e a “dedicação que colocais nesta missão tão particular e sensível da vida da Igreja” e sustentou que “o desanimo não é evangélico”, desafiando os agentes de catequese a “encetar novos caminhos como proposto pelo Diretório para a Catequese”.

“Vivemos um momento e transformação cultural onde não pode haver lugar para o desanimo. Este não é evangélico. É um tempo desafiante e o Diretório para a Catequese reforça a necessidade de trilhar novos caminhos e de fazer surgir novas estratégias”, apontou.

Considerando que a catequese é “um encontro com uma pessoa [ndr: Jesus Cristo] e não apenas uma questão moral”, o prelado deu conta do trabalho desenvolvido pela Comissão Episcopal da Educação Cristã (CEECDF), e apresentado na última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com vista “à mudança de paradigma da catequese em Portugal”.

“A CEECDF sentiu a necessidade de repensar a proposta de catequese em Portugal. Para isso criou um documento de trabalho com vista à mudança do paradigma da catequese em Portugal. Nele, com os contributos de catequetas, párocos e catequistas, se apresenta um itinerário à catequese que dá revelo à família enquanto igreja doméstica e que é a inspiração e modelo para a iniciação cristã dos próximos anos”, explicitou.

O Lugar central da Familia na transmissão da Fé

Lembrando o papel central da família na transmissão da fé às novas gerações D. Antonino Dias considerou ser fundamental a aposta na “conversão pastoral da família” e de uma maior interligação entre “família e catequese”.

“Durante demasiados anos a catequese aconteceu nas paróquias e, por isso, o modelo catequético atual está em crise. Colocar os catequistas a fazer catequese em espaços alheios à família não ajuda. É preciso entender que a fé em família se transmite quase por osmose mais do que por muita doutrina”, apontou.

No final da sua intervenção o bispo de Portalegre-Castelo Branco sustentou ser necessário uma aposta central da Igreja “nos leigos e na sua formação”.

“Os leigos são como que um gigante adormecido. Se eles despertarem para a pastoral teremos uma revolução”, concluiu.

Educris|25.04.2021



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