O Papa Francisco inaugurou ontem, no Vaticano, a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Italiana (CEI). Na ocasião Francisco, citado pela Rádio Vaticano, afirmou que o sacerdote "não é um burocrata", é "estruturalmente missionário"e um "critério decisivo" para uma decisão vocacional está na "capacidade de se relacionar" com os outros, afirmou.
"Nesta tarde, não quero oferecer-lhes uma reflexão sistemática sobre a figura do sacerdote. Tentemos, ao contrário, inverter a perspetiva e ouvir atentamente, em contemplação. Aproximando-nos, quase que em bicos de pés, de um, entre tantos párocos que passam pelas nossas comunidades; deixemos que o rosto de um deles passe perante os olhos do nosso coração e perguntemo-nos com simplicidade: o que faz a sua vida ser saborosa? Por quem e para quê entrega o seu serviço? Qual é a finalidade da dua doação?", começou por questionar Franciscico.
Para o Papa "neste tempo pobre para fazer amizades, o nosso primeiro compromisso é o de construir comunidade; a abertura ao relacionamento é, assim, um critério decisivo de discernimento vocacional", disse na abertura da 69.ª Assembleia Plenária da CEI.
A reunião da CEI decorre até ao próximo dia 19 de maio e o Papa tomou parte nos trabalhos como bispo de Roma e primaz da Itália.
Perante a proposta do tema principal da Assembleia Plenária, que reflete sobre a "renovação do clero", Francisco deixou algumas linhas de força que, disse, podem servir "para ajudar a identificar também as propostas de formação pelas quais investir com coragem".
Para Francisco o sacerdotes deve ser "estruturalmente missionário", mais do que um líder com uma "missão para cumprir", e deve, ele mesmo, sentir-se pertença do povo de Deus onde é enviado, condição de distanciamento da autorreferencialidade que "isola e aprisiona".
Neste sentido, apontou, o sacerdote "não é um burocrata ou um funcionário anónimo de uma instituição, não está consagrado a um papel clerical, nem se move por critério de eficiência" não devendo procurar "seguranças terrenas ou títulos honoríficos, que levam à confiança no homem".
Simplicidade como estilo
Olhando para o perfil do sacerdotes o Papa voltou a colocar a tónica numa vida "simples e essencial" e apelou à "disponibilidade" pois só assim o sacerdotes "é credível aos olhos das pessoas" e, esta forma de estar "aproxima-o dos humildes, numa caridade pastoral que o torna livre e solidário. Servo da vida, caminha com o coração e o ritmo dos pobres", reforçou.
Comunhão com os leigos: Um dos nomes da Misericórdia
Olhando para o pastor na comunidade o papa alertou para a necessidade de uma verdadeira "comunhão com os leigos, valorizando a participação de cada um" como uma "marca distintiva" da vida do sacerdote e força "vital do seu misistério":
"Esta experiência – quando não é participada de forma ocasional nem por força de uma colaboração instrumental – liberta do narcisismo e dos ciúmes clericais; faz crescer a estima, o apoio e a benevolência recíproca; favorece uma comunhão não só sacramental ou jurídica, mas fraterna e concreta", afirmou o Papa para reforçar: "A comunhão é de facto um dos nomes da Misericórdia", acrescentou.
No final da sua intervenção Francisco deixou o desafio aos bispos italianos convidando-os a promoverem promoverem uma renovação do clero que inclua uma "visão evangélica sobre a gestão de estruturas e dos bens", evitando referências a uma "pastoral de conservação" que é obstáculo para a "abertura à perene novidade do Espírito".
Educris com Rádio Vaticano