EMRC/Cabo Verde quer ser lugar de «diálogo entre fé e cultura» (C/áudio)

Novo ano letivo leva a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica para a escola pública Cabo-verdiana

13 escolas do arquipélago de Cabo Verde vão ter, já neste ano letivo, a oferta da disciplina de EMRC num acordo entre o Estado e a Igreja Católica naquele país africano.

Durante esta semana 5 professores portugueses da disciplina tem orientado uma formação que conta com a participação de 30 docentes locais e que tem servido para “aprofundamento dos aspetos legislativos, didáticos e pedagógicos” da nova proposta.

“Durante esta semana temos encontrado candidatos que são professores de outras disciplinas. Muitos lecionam a EMRC em Escolas Católicas e detém já muita experiência”, aponta Dimas Pedrinho, membro do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).

Para o docente os trabalhos visam “reforçar a especificidade da disciplina em contexto escolar” e dotar os novos docentes “de ferramentas válidas para a lecionação”.

“Tendo em conta a realidade local diria que a EMRC procura ser um contributo à sociedade de cabo verde, nomeadamente no trabalho de desenvolvimento dos valores humanos e cívicos a partir da visão cristã”.

Dimas Pedrinho realça a necessidade de os professores “estarem comprometidos com a sociedade em que vivem, na humanização das pessoas, no crescimento integral do aluno para que consigam que a sociedade seja plural, pacifica e cooperante”.

Presente na formação a professora Lígia Pereira, da equipa nacional da EMRC, trouxe aos docentes as questões da «Fé-cultura».

Para a docente “é fundamental ter em conta o diálogo fé-cultura dos nossos dias não anulando, mas construindo em conjunto. Não se pode anular o que é novo e vem ter connosco”, apontou.

A diretora do Secretariado da EMRC de Viana do Castelo considera que “existe aqui em Cabo Verde, uma grande expetativa pela disciplina” e sustentou que “não existe melhor proposta para defender a natureza e a dignidade humana do que o património que nos é trazido pelo cristianismo”.

Já o diretor do Departamento de Pastoral nas Escolas da Diocese de Aveiro, Sérgio Martins, realça a importância de uma “boa e consistente planificação dos diferentes conteúdos e unidades letivas” de modo a que “a disciplina possa ser ferramenta importante no desenvolvimento harmonioso dos cidadãos”.

Para António Madureira, responsável pelo Departamento do Ensino da Igreja nas Escolas (SDEIE) da diocese do Porto a iniciativa foi "uma aprendizagem mútua" entre os docentes dos dois países. Num olhar de reprospetiva sobre o trabalho realizado o responsável apontou a necessidade de "o docente de EMRC perceber que tem um papel importante dentro da sala de aula" mas deve desempenhar um "papel fundamental fora da aula, na comunidade cristã".

"O docente de EMRC é um educador apaixonado que não confina a sua ação na sala de aula. O mundo é o espaço da disciplina de EMRC. É importante criar algo de novo já hoje".

O responsável apresentou "as várias iniciativas diocesanas" que se realizam em Portugal e que "são multiplicadoras do trabalho do docente dentro da sala de aula" como sejam os "encontros dos vários ciclos que vamos concretizando".

O projeto piloto da EMRC em Cabo Verde vai ser, gradualmente, alargado a todas as escolas do país até 2023.

Educris|13.09.2019






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