EMRC: Uma Marca na Vida, por Sílvia Pereira

Durante a Semana Nacional da EMRC 2016, subordinada ao tema "Rostos de Misericórdia" vamos conhecer testemunhos de vida de alunos, professores e antigos alunos que nos contam, na primeira pessoa, a sua experiência com a disciplina.

Hoje o testemunho da antiga aluna da disciplina Sílvia Natacha Pereira.

 

Acreditar…

Quando a Professora Paula Marques pediu se eu podia deixar o meu testemunho sobre as aulas da EMRC, passado quase 20 anos, sinceramente, não poderia ficar mais contente em compartilhar quanto influenciaram e foram importantes no meu percurso de vida.

Fui aluna da disciplina de EMRC desde o 7.º ao 11.º ano, e quem me conhece sabe quantas vezes refiro a importância desta formação naquilo que sou hoje e no percurso que a minha vida tomou. Cresci no seio de uma família com muito amor, respeito e valores sólidos, que as aulas de EMRC ajudaram a consolidar.

Hoje, com 35 anos, grávida de 6 meses do meu primeiro filho, só posso desejar estar à altura e ter a capacidade de lhe transmitir os valores e princípios que recebi nessas aulas, de entre os quais destaco:

- Solidariedade – Aprendi que ser solidário não é apenas dar, mas sobretudo aprender a receber. Ainda me lembro das visitas aos lares de idosos ou a participação na ceia de Natal dos sem abrigo onde animamos com as nossas canções (só lamento se por acaso fomos um bocadinho desafinados). A consciência da vida difícil de tantos dos nossos irmãos, ensina-nos a ser gratos pelo que temos, a sermos humildes e a aceitar que nada é garantido.

Como é que influenciou a minha vida? Por acreditar que o ser humano ainda guarda dentro de si bondade, após a conclusão da minha licenciatura em Relações Internacionais, fiz estágio na Amnistia Internacional no departamento de Educação para os Direitos Humanos e no Centro das Nações Unidas, através da divulgação do trabalho desta organização junto de várias escolas e centros de juventude, em todo o país.

- Tolerância e respeito pelas diferenças – A professora Paula sempre nos disse que para vivermos, verdadeiramente, a nossa religião, teríamos de conhecer as outras. E foi assim que fizemos visitas de estudo à sinagoga, à mesquita, e desenvolvemos trabalhos sobre as diversas religiões.

Como é que influenciou a minha vida? O gosto pelo estudo das religiões e da intolerância religiosa que, tantas vezes, conduziu a guerras e conflitos internacionais, fez com que seguisse os meus estudos na área das Relações Internacionais, especializando-me em Políticas Culturais e Políticas, onde tive cadeiras como Budismo ou Islamismo. Dos tempos da visita à sinagoga, ficou o grande gosto pelos estudos judaicos, que me acompanhou ao longo destes anos, tendo concluído, em 2014, o meu mestrado, com uma dissertação sobre a presença judaica na ilha da Madeira.

E ainda…

- Fé – Acredito que há algo superior que nos guia e protege, independentemente, do nome que lhe queiram chamar ou do código de crenças que lhe associem. Acredito no princípio “amar o próximo como a ti mesmo”, porque não seremos nunca capazes de amar quem quer que seja se não aprendermos a amar-nos e a aceitar quem somos.

Pelo que à pergunta: “como é que as aulas de EMCR influenciaram a minha vida?”, só posso responder que ditaram o meu percurso académico, mas sobretudo o meu percurso como ser humano, consciente das minhas falhas, mas mais tolerante para com as falhas e as diferenças dos outros. E por mais que as notícias de jornal nos digam o contrário, eu ainda acredito no que de bom o homem pode guardar dentro de si.

Para os jovens que possam ler o meu testemunho, posso dizer que também tive a vossa idade, as vossas dúvidas, os vossos amuos e maus feitios… que também achei uma “seca” tanta coisa. E as aulas de EMCR não são, nem têm que ser uma “seca”, não precisam de revirar os olhos, nem assoprar, a sério, dêem uma oportunidade e vão ver daqui a uns anos.

Eu sei que o vosso tempo é mais acelerado que o meu, e que as vossas pernas querem correr rápido, para serem muito crescidos. Mas acreditem a vida não é fácil, só com bases fortes e bastante sólidas serão capazes de ultrapassar todos os obstáculos… tenham a coragem e a ousadia de aprender a… ACREDITAR! Seja acreditar em vocês próprios, numa crença, em algo que vos guia e protege… acreditar que são capazes de ultrapassar todas as dificuldades.

Acreditem e sejam felizes …



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