CLSML: "Só se vê bem com o Coração"

Em semana dos Afetos os alunos do 11º D1 do Colégio Liceal de Santa Maria de Lamas (CLSML) visitaram um lar de idosos.

Disponibilizamos o testemunho da aluna Joana Rodrigues que relata, na primeira pessoa, esta experiência proporcionada pela disciplina de EMRC.

No contexto da Semana dos Afetos dinamizada pela disciplina de EMRC, ontem tive o privilégio de partilhar com a minha turma – 11º D1 - uma experiência que, para muitos de nós, era desconhecida. Fizemos uma visita ao Lar de Idosos da Associação de Bem-Estar de Santa Maria de Lamas. Receberam-nos de forma muito simpática e animada, o que nos deixou à vontade, de forma imediata. Conversámos, fizemos jogos e apresentámos algumas canções de Natal que preparámos em especial para esta ocasião. No entanto, as “estrelas” foram mesmo eles que, sentados diante de nós, não só nos acompanharam enquanto cantávamos, como ainda partilharam connosco canções que o tempo não retirou da ponta da língua.

Foi incrível ver a vivacidade destas pessoas. A forma como se voluntariaram para cantar, propuseram jogos e, até mesmo os mais debilitados eram vistos a balbuciar as letras das canções que conheciam tão bem e que, para nós, eram novas. Foi sobrenatural a facilidade como conseguiram que uma geração completamente diferente sentisse o tempo passar a correr, com a sua companhia. Foi fascinante ver os sorrisos a surgir, entre rugas e cabelos brancos, e saber que, parte disso, era causado por nós, que através do gesto mais simbólico, lhes proporcionámos um dia diferente.
Sem dúvida, um dos momentos mais emocionantes foi experienciado pela Ana. Ela não via a avó há mais de 6 anos, e foi com esta atividade que encontrou coragem para o fazer. “Foram mais de seis anos sem te ver, tinha uma ideia completamente diferente de ti, nunca pensei encontrar-te neste estado, nunca pensei ficar em choque e bloquear. Apenas chorar foi o meu manifesto. És forte, por isso é que ainda estás entre nós depois de só te darem poucos anos de vida e, no entanto, já passaram mais de 12 anos... És um orgulho. Desculpa nunca ter ido mais cedo à tua beira. Amo-te muito, avó”. Esta foi a mensagem partilhada pela Ana acerca do assunto e, penso que ela fala por si, mostrando a emotividade sentida, não só por ela, mas pela senhora que, segurou com força a mão da neta, assim que a viu chegar.
Mas as emoções não se ficaram por aqui. “Uma funcionária do lar relatou um acontecimento que havia sido muito marcante para si, que foi precisamente o facto de uma senhora com uma idade já avançada ter visto pela primeira vez o mar há pouco tempo atrás, e a forma como ficou maravilhada e o misto de espanto e felicidade que se instalou em si foi tão, mas tão grande, que acabou mesmo por emocionar todas as pessoas em seu redor”, disse a Ana Canedo, mencionando o momento que mais a comoveu.
Também as funcionárias do lar captaram a atenção de todos, pela forma como interagem com os idosos, sempre com energia e alegria, fazendo-os cantar e brincar e, dando vida a estas pessoas que, assim, conseguem felicidade. Uma das funcionárias admitiu que, por vezes, aquela acabava por ser a sua família e que, por detrás das pequenas gargalhadas destas pessoas, estavam complicações e trabalho e que “nem tudo é tão fácil como parece”. Mas as lágrimas nos seus olhos quando se emocionou provaram que todo esse esforço valia a pena e que, tudo o que fazia, fazia com agrado.
No final, quando todos já sentíamos a felicidade que estes sorrisos e histórias nos ofereceram, foram trocadas lembranças (ambas alusivas ao Natal). Mas elas não eram necessárias. Aquele momento foi mágico o suficiente para nos ficar marcado na memória. Como foi dito pela Ana Rita, “hoje, demos-lhes um pouco de nós e eles não nos deixaram partir sem nos dar um pouco deles. (…) Tornaram a nossa tarde mágica. Mágica pelo convívio, pela experiencia, pelos sorrisos, pelos beijos e pelos abraços de pessoas que esperam não cair na solidão, pessoas que desejam convívio e atenção, principalmente de jovens. (…) Posso dizer que hoje, saí do lar mais realizada e com a promessa de lá voltar pois não há nada melhor do que ver um sorriso na cara daquelas pessoas que nos acolhem como se já nos conhecessem, nada como tocar nos seus cabelos brancos, dar-lhes um beijo e um abraço e ver as rugas, as marcas de uma vida, marcas da guerra que travaram e que eu espero vir um dia a conhecer”.
Dito isto, e revendo a questão “será que ganharam eles, ou será que ganhámos nós”, colocada pelo professor Jorge no final da nossa breve visita, parece-me óbvia a resposta. E, penso que a Ana Costa fala por todos quando diz que “foi uma tarde fantástica, e que será para repetir”.
“Tal como madre Teresa de Calcutá disse «por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota». E, hoje, mais uma vez, comprovei a veracidade da frase. Senti que dei tão pouco mas que recebi tanto. E sei que tudo o que hoje fiz, por pouco que tenha sido valeu a pena porque sei que com um simples gesto fiz feliz (ainda que essa felicidade possa ter sido momentânea) muitos idosos!” – disse a Ana Rita, colocando, assim, em palavras os sentimentos de todos.

 

Joana Rodrigues, 11ºD1



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