JNC refletem sobre o papel da Família na educação da Fé

O segundo dia das Jornadas Nacionais de Catequese, que decorrem em Fátima de 7 a 9 de Outubro, fica marcado pela intervenção do catequeta espanhol Emilio Alberich Sotomayor.

Na sua intervenção, subordinada ao tema “Família lugar de educação da fé?” Emilio Alberich afirmou que é necessário reafirmar, junto dos casais crentes “que a família é o primeiro e mais importante ligar da transmissão da fé para os mais novos” e é urgente “desmistificar a ideia de que a catequese tradicional é a primeira forma de anúncio da fé”. Para o catequeta espanhol a família “reúne características fundamentais” na descoberta da fé por parte dos mais jovens uma vez que é nela que “acontecem as mais importantes e decisivas experiencias de aprendizagem”. Desta forma educar na fé “não é um suplemento a toda a educação prestada pela família” mas a abertura ao transcendente acontece “ a partir do aprofundamento de todas as outras aberturas à realidade da vida” que a criança experiencia no ambiente em que vive”. Deste modo a mais importante tarefa eclesial “passa por evangelizar as famílias” procurando colocar de lado a ideia de que a catequese “ é uma tarefa apenas para os mais pequenos”.

Ciente das mutações ocorridas nas “famílias na pós modernidade” Alberich afirmou que “esta continua, apesar de tudo o que vive de mudança,” a ter “um lugar e um valor indiscutível na sociedade” e, por isso mesmo é “a instituição que melhores recursos e valências apresenta para potencializar a tarefa educativa e, por conseguinte a tarefa evangelizadora e catequética”.

Para Emilio Alberich a tarefa da Igreja, através da pastoral catequética familiar, deve centrar-se “no esforço de conseguir com que a família recupere a sua função educativa e a consciência da sua responsabilidade e capacidade na educação religiosa dos filhos”. Deste modo, para o Catequeta, existem três “etapas decisivas onde as famílias “dispõem de possibilidades e ocasiões oportunas para o desenvolvimento religioso dos seus filhos: a primeira infância, a segunda infância e a adolescência/juventude “são momentos chave no desenvolvimento dos filhos”.

Abordando o tema do despertar da fé nos mais novos Alberich lançou a advertência de que é “importante não infantilizar a religião” de modo a que as crianças possam, desde cedo, fazer a “experiencia de Deus e de Jesus na sua dimensão mais autêntica e completa”. Assim o despertar religioso das crianças deve centrar-se, em primeiro lugar, no “trabalho educativo das famílias amparadas pelos agentes de pastoral das crianças”. Sem isto não será possível, no dizer de Alberich “sair do lamaçal da grave crise da iniciação cristã”.

Catequese de crianças ou o reavivar da fé nos adultos?

A segunda parte da intervenção de Emilio Alberich ficou marcada pela implicação que tem “o suporte necessário a dar às famílias no despertar da fé dos mais novos”. Este despertar representa “um salto qualitativo” na fé dos adultos uma vez que “os pais se dão conta de que o principal, o que realmente está em jogo, para além da ajuda que possam dar aos seus filhos no caminho da fé, é clarificar e rever a sua própria fé, a sua identidade cristã como pais cristãos”. Desta forma muda-se o paradigma da preparação. Trata-se já de “uma catequese para adultos que envolve também as crianças, e não de uma catequese infantil na qual se implique também os adultos”. Esta é de facto “a verdadeira catequese intergeracional” cujo objectivo final é o de “forjar um novo modelo convincente de cristão”.

 

Na parte final da sua intervenção, e centrando-se já na catequese de adultos o catequeta reafirmou a ideia de que é necessária uma nova postura de toda a Igreja “na preparação da catequese de Adultos”. É urgente que a Igreja olhe “seriamente para os documentos do magistério onde se afirma que a catequese de adultos está no centro da formação cristã”, afirmou.“ A catequese de adultos está muito longe de ser o centro da experiencia catequética da igreja” sendo necessário formar os adultos "como adultos e não transmitir a fé através de métodos aplicados às crianças” sob pena de “corremos o risco de ter muitos praticantes, que vão à missa dominical mas que não são verdadeiramente crentes”. “ Temos necessidade de formar crentes com uma fé pessoal enraizada em Cristo e alimentada pela vida comunitária e pela oração pessoal. Temos que passar da aderência geracional para a aderência pessoal da fé” disse.

“A Família, lugar de educação da Fé?”

No final da manhã Cristina Sá Carvalho, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC), fez a apresentação da edição portuguesa do livro do catequeta Emilio Alberich Sotomayor intitulada “A Família, lugar de educação da Fé?”.

Na apresentação Cristina Sá Carvalho lembrou o esforço do SNEC em dotar os catequistas e agentes de pastoral de um “conjunto de subsídios válidos” que promovam a reflexão e “ajudem na preparação da pastoral no terreno”. Este esforço assenta numa “atitude nova fruto de uma nova reflexão e do trabalho no terreno dos Secretariados Diocesanos que estabelecem pontes com as comunidades de base”.

A obra apresentada faz parte de uma coleção do SNEC intitulada “Educação ao Longo da Vida”.

 

 Dia 9: A catequese Intergeracional

A manhã do dia 9 vai ser marcada pela conferência “A catequese Intergeracional” apresentada por Isabel Oliveira diretora da diocese do Porto, que vai apresentar uma teoria e uma prática concreta de catequese intergeracional.

 



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