China: «Situação da Igreja perseguida piorou», denuncia sacerdote

Religioso na clandestinidade revela deterioração da situação da igreja após acordos entre o Vaticano e o Estado Chinês

É uma mensagem curta, mas dura sobre a atual situação da Igreja, vinte meses após a assinatura do Acordo Provisório entre a Santa Sé e as autoridades de Pequim para a nomeação de bispos para as comunidades católicas na China.

Um sacerdote da chamada ‘Igreja Clandestina’ afirma que “ao longo destes 20 meses de Acordo Provisório”, a situação “da Igreja perseguida veio a piorar”.

Na curta mensagem, divulgada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) o padre ‘Pedro’, identidade fictícia com medo das represálias, afirma “não ter dúvidas” das reais intenções de Pequim.

“O Governo aproveitou este acordo para enganar os membros do clero, tanto bispos como presbíteros, para que acreditem que não faz sentido estar fora da igreja patriótica, isto é, que fazer parte dela é a única solução”.

Para o religioso o estado chinês pretende uma adesão massiva à Associação Patriótica, criada pelo governo para a tutela dos assuntos relacionados com a comunidade católica, de modo a poder controlar melhor os crentes cristãos.

“Os que não querem fazer parte da igreja estatal são mais perseguidos de várias formas”, lamenta.

As comunidades católicas na China encontram-se divididas entre a Associação Patriótica, tutelada por Pequim, e a chamada ‘Igreja Clandestina’, fiel ao Papa e ao Vaticano.

Com o acordo assinado em setembro de 2018 pelo subsecretário do Vaticano para as Relações com os Estados, D. Antoine Camilleri, e pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Chao, avançou-se no sentido de uma unidade eclesial permitindo pela primeira vez às comunidades católicas a nomeação de bispos “em comunhão com Roma”, sendo reconhecidos pelas autoridades chinesas.

Mas nem tudo se revelou assim tão simples. Apesar do acordo, continuam a chegar da China notícias frequentes de perseguição às comunidades cristãs que não aceitam a tutela das autoridades comunistas. Ainda recentemente, a Fundação pontifícia AIS dava conta de igrejas fechadas, cruzes derrubadas em alguns templos e procissões anuladas.

Educris|04.06.2020

Imagem: Fundação AIS



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