Líbano: «Temos muita gente a ir buscar comida ao lixo», denuncia religiosa

País, que já foi apontado como exemplar na luta contra o Covid-19, enfrenta situação potencialmente catastrófica

A crise económica que está a atingir o Líbano tem vindo a agravar-se nas últimas semanas, em parte por causa das medidas para a contenção do coronavírus, e está a ter reflexos dramáticos na vida das populações, nomeadamente na comunidade cristã, denunciou hoje a irmã Maria Lúcia Ferreira.

Numa mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) a religiosa afirma que “catástrofe aumenta de dia para dia sobretudo agora com o confinamento obrigatório por causa do Covid19”.

“Vemos muita gente, que vivia bem, de boa educação, que não tinha necessidade nenhuma [a nível económico] a ir aos caixotes do lixo para procurar comida, porque estão realmente a passar fome”, alerta.

Maria Lúcia Ferreira pertence à Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia. A religiosa portuguesa, mais conhecida como Irmã Myri, vive no Mosteiro de São Tiago Mutilado, em Qara, na Síria, uma vila junto à fronteira com o Líbano, de onde descreve “uma situação de descalabro, com a população a sofrer imenso e à beira da fome”.

“A libra libanesa desceu [desvalorizou] duas vezes e meia nos últimos dois, três meses, e os salários não dão para nada, não chegam para dar a subsistência para um mês… àqueles que ainda têm emprego. Os preços aumentaram três a quatro vezes. Como estão a ver, é uma situação insustentável em que as pessoas têm dinheiro no banco, mas o banco não tem dinheiro para lhes dar”, lamenta.

Educris|29.04.2020

Imagem:Agência EFE



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