Síria: Religiosa portuguesa alerta para «cenário de catástrofe»

Covid-19 chegou a um país fragilizado por uma guerra sem fim sem meios adequados para enfrentar a situação

Maria Lúcia Ferreira, a religiosa portuguesa que habita no Mosteiro de São Tiago Mutilado, na Síria, enviou ontem uma mensagem para Portugal onde deu conta da sua preocupação perante a possibilidade de uma contaminação naquele país do médio oriente ao nível do que se regista na europa.

"Esperemos que o vírus não venha. Se entra o vírus na Síria nós seremos incapazes de controlar a situação porque [este] é um país em guerra, muitos hospitais foram destruídos, há pouco pessoal médico, há muita emigração e não temos os meios, não temos os meios técnicos nem o material para fazer face a uma tal epidemia", num comunicado hoje divulgado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

Maria Lúcia Ferreira, conhecida como irmã Myri, revela-se sobretudo preocupada pelas consequências que podem advir se o governo de Damasco impuser, como está a acontecer um pouco por todo o lado, fortes medidas restritivas para as populações, nomeadamente períodos de quarentena em casa.

Por causa do conflito armado – a Síria entrou no passado dia 15 de Março no décimo ano consecutivo de guerra – além da destruição das infra-estruturas que a irmã Myri referiu, há ainda a considerar o descalabro da economia, fruto também da imposição de sanções impostas pela União Europeia e Estados Unidos. Isso reflecte-se, diz a religiosa portuguesa, no empobrecimento das populações. “Há muita gente que se alimenta mal e não tem as defesas necessárias no seu corpo”, afirma a irmã, acrescentando que se o governo impuser a quarentena obrigatória, "as pessoas não têm dinheiro para trazer alimentos para ficarem fechadas em casa durante várias semanas". "Não têm, não há dinheiro, não há possibilidade [disso]", diz.

O governo de Damasco já lançou algumas medidas preventivas, nomeadamente o encerramento de escolas e universidades. Por causa do tempo de Quaresma que se está a viver, a Irmã Maria Lúcia Ferreira, que pertence à Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia, está em retiro. Por causa disso, diz que não sabe muito bem como está a decorrer “a vida concreta [lá fora], mas dos ecos que nos chegam, as pessoas fazem tenção de lavar as mãos e assim…. Também o Patriarca greco-católico parou todas as actividades das paróquias. Não sei o que se passa com as outras igrejas.”

Educris|25.03.2020



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