Covid-19: «Tanto Tempo em Casa», dicas para este tempo

 

Os impactos de períodos graves de crise, como os da atual pandemia, são variados e geralmente imprevisíveis. Muitos sinais tendem a manifestar-se e podem causar danos físicos e psíquicos nos sistemas familiares.

 

Hoje deixamos ao leitor (a) algumas “dicas[1]”, para bem viver em família, este tempo de “emergência social[2]”, num desafio a estar atento aos “sinais[3]” que os mais novos vão manifestando como resultado natural da alteração grave e forçada das rotinas e hábitos das famílias”.

Sintomas a ter em conta na faixa etária dos 3 e os 5 anos

  • Medo de ficar sozinho
  • Dificuldade em adormecer, pesadelos
  • Maior dependência em momentos onde a autonomia já estava adquirida
  • Dificuldades no discurso – mais hesitações, confusão na organização de ideias
  • Aumento das birras
  • Chamada de atenção através de “choramingar”
  • Alterações no apetite
  • Necessidade de estar mais próximo – demonstração de necessidade de apego físico

 

Comportamentos/atitudes da família que podem atenuar estes sintomas:

  • Maior paciência, tolerância e capacidade para conter comportamentos e reações desajustadas
  • Atuar através de comportamentos que transmitam segurança e confiança para a criança
  • Promover e encorajar a expressão livre de conteúdos internos da criança através de brincadeiras, elaboração e encenação de histórias e teatros                                          
  • Deixar alguma flexibilidade na hora de deitar, não descurando uma rotina de sono e o respeito pelas necessidades de horas de sono da criança
  • Fomentar atividades tranquilas na hora que antecede o dormir
  • Procurar manter rotinas que incluam tarefas conjuntas, momentos de convívios e participação em contactos virtuais
  • Ter atenção à exposição a informação não adequada à idade da criança
  • Os tempos de contacto com ecrãs e outros dispositivos eletrónicos devem ser supervisionados e controlados

 

Sintomas a ter em conta na faixa etária entre os 6 e os 12 anos

  • Aumento da irritabilidade sem motivo aparente
  • Maior propensão para refilar e evidenciar comportamentos de desafio
  • Comportamento de maior dependência em relação aos pais/cuidadores
  • Comportamentos mais agressivos com irmãos
  • Problemas no sono – pesadelos, dificuldade em adormecer, comportamentos regressivos no adormecer – pedir a presença dos pais neste momento                                     
  • Sintomas psicossomáticos (dor de cabeça, dor de estômago ou outras)
  • Perda de interesse por conteúdos escolares, dificuldade em reativar informações aprendidas na escola
  • Competição pela atenção dos pais (mais discussão entre irmãos)

 

Comportamentos/atitudes da família que podem atenuar estes sintomas:

 

  • Mais paciência, tolerância e contenção face a comportamentos de desafio
  • Manter contacto com amigos e família através da internet e de telefonemas
  • Potenciar momentos de atividade física regular (momento diário, de preferência matinal)
  • Realizar atividades/exercícios/propostas escolares diárias – lúdicas e teóricas
  • Participar em tarefas domésticas diárias e estruturadas
  • Definir limites firmes embora de forma serena
  • Discutir a atual pandemia e permitir questões sobre o que está a acontecer
  • Encorajar a expressão de emoções através de brincadeiras e conversas;
  • Ajudar a família a criar ideias para melhorar os comportamentos de promoção da saúde física e psíquica
  • Manter rotinas familiares possíveis com as adaptações necessárias
  • Limitar o tempo de exposição a ecrãs e outros dispositivos eletrónicos
  • Conversar sobre as notícias que se veem em família, sobre o que ouviram na escola ou noutros contextos
  • Estabelecer uma rotina para os dias da semana com momentos distintos 
  • Abordar qualquer estigma ou discriminação que ocorra e esclarecer informações incorretas

 

 



[1] Brooks, S.K., Webster, R.K., Smith, L.E., Woodland, L., Wessely, S., Greenberg, N. & Rubin, G.J. (2020)

The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence; The Lancet; 395(10227):912-920

 

[2] Johal, S.S (2009) Psychosocial impacts of quarantine during disease outbreaks and interventions that

may help to relieve strain; New Zealand Medical Journal; 122(1296):47-52

 

[3] Zhang, J., Wu, W., Zhao, X. & Zhang, W. (2020) Recommended psychological crisis intervention

response to the 2019 novel coronavirus pneumonia outbreak in China: a model of West China Hospital;

Precision Clinical Medicine; 18 February 2020; 6pp



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