Níger: Novo rapto de sacerdote entendido como «estratégia de intimidação»

Denúncia da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dá conta de novo rapto no país que pretende intimidar a comunidade católica

O padre Pierluigi Maccalli foi raptado no Níger na passada segunda-feira, dia 17, na região de Niamey e desde então desconhece-se o seu paradeiro.

O padre Mauro Armanino, também pertencente à Sociedade das Missões Africanas, e que deu o primeiro alerta do sequestro, afirmou, em declarações à Fundação AIS, temer um cativeiro prolongado para o sacerdote italiano.

"Se eles chegarem ao Mali, o medo é que o rapto seja tão longo quanto o da irmã Gloria", afirmou, referindo-se à irmã franciscana Gloria Cecília Narvaez Argoti, sequestrada por um comando terrorista ligado à Al Qaeda no Mali em Fevereiro de 2017.

O padre Armanino considera que os autores do sequestro poderão ter sido pastores da etnia Fulani, e que se tratou de "um ataque rápido e coordenado". "Os sequestradores estavam familiarizados com os movimentos do Padre Pierluigi e escolheram-no como vítima". 

Tudo aconteceu num par de minutos apenas. Os sequestradores bateram à porta da casa onde vivem os missionários, entraram e levaram à força o padre italiano, disparando diversos tiros para o ar, como gesto de intimidação.

Para o Padre Armanino, “ficou claro que o alvo era” o padre europeu, pois na casa estava na altura pelo menos um sacerdote indiano a quem nada aconteceu.

Ainda de acordo com o Padre Armanino, o sequestro deste sacerdote pode ter duas justificações: além do possível pedido de resgate, que ainda não foi conhecido, e da tentativa de atrair a atenção da imprensa internacional para a situação nesta região, poderemos estar perante uma estratégia de intimidação da comunidade cristã numa das poucas regiões do Níger em que tem uma presença mais assinalável. 

“O facto de atacarem pela primeira vez um padre católico mostra que não há mais limites para a violência”, afirma ainda o Padre Mauro Armanino.

De facto, logo após o sequestro, registou-se um ataque contra o convento das Irmãs Franciscanas de Maria, situado também na região.

As irmãs esconderam-se ou conseguiram fugir a tempo, pelo que nada lhes aconteceu, mas conseguiram perceber que os atacantes, enquanto saqueavam o convento, falavam entre si na língua do grupo étnico peul, que corresponde aos membros da tribo Fulani no Níger.

Inicialmente acreditava-se que o padre Pierluigi teria sido levado para o Burkina Faso, mas poderá estar ainda no Níger, pois a fronteira com este país é uma zona patrulhada pelos militares.

Para o Padre Armanino, o receio maior é que ele possa ser levado para o Mali, onde os grupos jihadistas têm mais apoio.

“Se conseguirem chegar ao Mali, a situação será muito pior para o nosso confrade”, explicou, lembrando o longo sequestro a que tem estado sujeita a irmã franciscana.

“Foi no Mali, é claro, que a religiosa colombiana, Irmã Gloria Cecilia Narvaez Argoti, foi raptada em Fevereiro de 2017, e ela ainda está em cativeiro. Temos medo de que o sequestro do Padre Pierluigi também possa vir a prolongar-se por muito tempo.”

Educris com AIS 28.09.2018



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