Síria: Igreja denuncia "milhares de deslocados" em virtude de combates

Milhares de pessoas estão em fuga por causa dos combates que prosseguem na região de Damasco e, mais ao norte da Síria, na cidade de Afrin, denuncia a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).


Só provenientes desta cidade – que as forças turcas ocuparam totalmente no passado fim-de-semana –, calcula-se que mais de 200 mil pessoas tenham abandonado as suas casas e todos os seus haveres, num dos maiores êxodos dos sete anos da guerra na Síria.

Além dos combates na região de Afrin, em resultado da ofensiva liderada pelas forças turcas contra milícias curdas, há também a registar uma situação humanitária muito grave junto a Damasco, com o exército sírio a procurar desalojar grupos armados que se encontram no bairro de Goutha, considerado como o último bastião rebelde na capital síria, de onde, nas últimas horas, terão sido disparados morteiros que causaram pelo menos 35 mortos num mercado na capital.

A situação é muito complexa e tensa, tendo D. Antoine Chbeir, Bispo Maronita de Latakia e Tartus, enviado uma mensagem para a Fundação AIS em que alerta para a necessidade de se fazer chegar ajuda humanitária de urgência para estas populações mais atingidas pelos conflitos armados.

Segundo ele, “a situação na Síria continua muito crítica”, informando que a Igreja, através também da ajuda fornecida pela Fundação AIS, “está a ajudar directamente 30 mil pessoas desalojadas que necessitam de alimentos, medicamentos, alojamento, etc..”

Como este prelado explica na mensagem, “sem a ajuda da Fundação AIS seria impossível apoiar” todas estas pessoas.

As palavras de D. Antoine Chbeir coincidem com o alerta do Padre Andrzej Halemba, responsável pelos projectos da Fundação AIS para o Médio Oriente e um profundo conhecedor da realidade actual da Síria, que na semana passada deu conta também das consequências, para a população civil, dos ataques continuados contra o distrito cristão localizado na chamada “cidade velha” de Damasco, nomeadamente o bairro de Bab Tuma.

“A situação é muito séria – reconhece o padre Halemba. Os obuses continuam a cair. Os cristãos estão profundamente assustados. Falei recentemente com uma religiosa, que me disse que nem ela nem as suas irmãs podem sequer sair do centro da cidade, para ir aos bairros onde muitos cristãos e refugiados oriundos do leste de Ghouta estão abrigados, porque é muito perigoso. É uma situação horrível!”

Também o Reitor do Oratório dos Salesianos de Damasco, Padre Mounir Hanachi, alertou a comunidade internacional para o que se está a passar na capital síria.

Segundo este sacerdote, cuja mensagem foi publicada pelo semanário diocesano de Macau, é necessário “quebrar o silêncio absoluto sobre a tragédia que o povo sírio está a viver, já sem falar na manipulação de informação por parte de variadíssimos órgãos de Comunicação Social do Ocidente”.

Na mesma linha de preocupação, a ONU já veio manifestar a necessidade de a comunidade internacional agir sem demora em socorro destes novos deslocados e refugiados.

Na passada segunda-feira, dia 19 de Março, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, referiu-se às “condições desesperantes das pessoas que deixaram Ghouta Oriental e Afrin”.

Falando em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, este responsável afirmou que estas pessoas em fuga “estão cansadas,  com fome, traumatizadas, com medo e precisam de ajuda urgente”, sublinhando que “estes civis enfrentam condições humanitárias angustiantes”.

Educris com AIS

26.03.2018



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