Paquistão: Arcebispo preocupado com grupos fundamentalistas

D. Sebastian Shaw denunciou a situação extremamente delicada em que se encontra a comunidade cristã no Paquistão.

O Arcebispo de Lahore, D. Sebastian Shaw, participou no passado sábado, em Lisboa, numa vigília de oração. Na ocasião o prelado denunciou a existência de grupos “ fundamentalistas” que fazem com que a presença dos cristãos no país “seja extremamente delicada”:

“A comunidade cristã está numa situação muito delicada, Por um lado temos verdadeira violência exercida por grupos extremistas, e o país depara-se com uma crescente islamização do poder”.

Para D. Sebastian Shaw  “a vida dos cristãos no Paquistão é muito desafiadora”. Um país onde a comunidade é extremamente minoritária – apenas cerca de 2 por cento da população – e pobre:

“A maior parte dos Cristãos do país são agricultores muito pobres, ou trabalhadores fabris ou empregados nos serviços de limpeza. Como minoria sem grande poder económico estão relegados por isso para os lugares mais baixos na estrutura social. Os cristãos não conseguem trabalho facilmente e são discriminados”, afirmou citado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Na sua intervenção, o prelado deu vários os exemplos da violência que se tem abatido contra a comunidade cristã no Paquistão nos últimos tempos. Uma violência que demonstra que os cristãos “são um alvo de grupos fundamentalistas” . Em Dezembro do ano passado, por exemplo, um atentado contra uma igreja cristã metodista em Quetta saldou-se em 9 mortos e mais de meia centena de feridos, mas, alguns meses antes, em Fevereiro, uma dezena de ataques terroristas provocaram mais de 130 mortos e cerca de quatro centenas de feridos.

A situação é tão complexa e a ameaça tão presente que D. Sebastian comparou mesmo as igrejas e as escolas do Paquistão a “verdadeiras prisões” pela necessidade de se protegerem das ameaças constantes que se fazem sentir sobre a comunidade cristã.

“Hoje em dia, no Paquistão, temos de fazer muros muito altos e com arame farpado e câmaras de vigilância nas nossas igrejas e escolas. E temos de ter, também, guardas de dia e de noite. Não temos alternativa.”

Segundo o Arcebispo de Lahore, “as ameaças de ataques terroristas” obrigaram até a colocar, em algumas igrejas, “detectores de metais”.

Nada disso, porém, parece intimidar a comunidade cristã. “Não temos opção”, disse D. Sebastian. Referindo-se expressamente aos terroristas, aos radicais islâmicos que têm semeado o terror entre a comunidade cristã nos últimos anos, o Arcebispo de Lahore afirmou que “Deus quer que os Cristãos sejam a luz do mundo também no Paquistão para com as pessoas que vivem na escuridão e não têm misericórdia”.

Agradecendo o apoio que a Igreja do Paquistão tem recebido a nível internacional através da AIS o prelado afirmou que os Cristãos têm um papel essencial na construção de uma sociedade melhor. “Nós, os Cristãos, somos fazedores de paz, somos sementes de paz”.

 Educris com AIS

29.01.2018



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