Congo: AIS denuncia «nova jornada sangrenta» no conflito

Seis mortos, dezenas de feridos e centenas de pessoas detidas é o balanço, ainda provisório, de mais uma jornada sangrenta de protestos contra o presidente Joseph Kabila.

Convocada pela Igreja Católica, esta jornada pacífica de protesto teve um balanço trágico com pelo menos seis mortos, um dos quais ocorrido numa igreja.

Trata-se de uma adolescente que foi morta a tiro quando se encontrava numa igreja na capital, Kinshasa. O caso foi relatado por um antigo ministro do governo da República Democrática do Congo aos jornalistas da agência France Press.

Segundo Jean-Baptise Sondji, “um carro blindado passou em frente da igreja” e os soldados “começaram a disparar balas reais”. Foi nessa altura que a rapariga, de 16 anos, “que se encontrava junto à porta, foi atingida”.

Além dos disparos com balas reais, a polícia usou ainda gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes. As marchas de protesto foram convocadas uma vez mais pela Igreja Católica e tiveram também o apoio, desta vez, de igrejas evangélicas assim como de elementos da comunidade muçulmana.

No entanto, apesar do carácter pacífico destas manifestações, as autoridades não as autorizaram e chegaram mesmo a cortar o acesso à internet na capital durante a noite de sábado. A proibição não impediu, contudo, que os manifestantes se reunissem após as celebrações das missas de domingo, marchando depois pelas ruas sempre acompanhados por membros do clero.

Relatos da imprensa local, citados pela BBC, dão conta de manifestações não só na capital Kinshasa, mas também nas cidades de Kisangani e Bukavu. Estes protestos ocorrem apenas cerca de três semanas depois das também sangrentas manifestações realizadas no último dia do ano. Então, registaram-se 12 mortos, dezenas de feridos e centenas de detidos. Tal como aconteceu neste fim-de-semana, também em 31 de Dezembro as autoridades efectuaram disparos contra a multidão, chegando a invadir igrejas em Kinshasa.

Papa pede "máximo empenho e esforço" para evitar a violência

Ontem, domingo, e antes da tradicional recitação da oração mariana do Angelus o Papa Francisco, de visita ao Peru, rezou pela situação preocupante no país africano:

"Hoje estão a chegar-me notícias muito preocupantes da República Democrática do Congo. Pensemos no Congo. Neste momento, a partir desta praça, com todos estes jovens, peço às autoridades, aos responsáveis e a todas as pessoas naquele país amado, que coloquem o máximo empenho e o máximo esforço por evitar todas as formas de violência e buscar soluções em prol do bem comum. Todos juntos, em silêncio, rezemos por esta intenção, pelos nossos irmãos na República Democrática do Congo", pediu o Papa Francisco.

Educris|22.01.2018

Com AIS




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