AIS/China: Autoridades obrigam a substituir símbolos cristãos pela imagem do presidente

É o mais recente ataque das autoridades comunistas chinesas contra a comunidade cristã.

Segundo o jornal South China Morning Post, que se publica em Hong Kong, as autoridades de Yugan, uma cidade situada na província de Jiangsi, têm obrigado os cristãos a substituir retratos de Jesus Cristo e outros símbolos religiosos existentes em suas casas, por retratos do presidente chinês.

De acordo com este jornal, esta medida já afetou "milhares de cristãos" que se viram forçados a ceder às autoridades comunistas sob pena de poderem vir a deixar de receber "subsídios" de desemprego e de combate à pobreza.

Esta campanha visa ainda, segundo o South China Morning Post, "transformar" os cristãos em "crentes no Partido" que lidera os destinos da China.

Esta decisão pode ser classificada de chantagem. Na verdade, a maior parte da comunidade cristã (aproximadamente 10 por cento da população local) confunde-se com os cerca de 11 por cento da população de Yugan que vive, segundo revela este diário de Hong Kong, abaixo do limiar da pobreza.

As autoridades de Yugan consideram, pode ler-se no principal diário em língua inglesa que se publica em Hong Kong, que os “camponeses” locais “são ignorantes” e por isso acreditam em Deus, mas que “isso mudará” após as iniciativas que estão a ser tomadas pelo Partido Comunista.

Este ataque contra a comunidade cristã em Yugan pode ser visto como estando integrado numa estratégia mais vasta de cerco às atividades da Igreja no gigante asiático.

Em março deste ano a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dava conta da prisão de alguns cristãos na província de Liaoning, no nordeste da China, por estarem envolvidos na distribuição de literatura religiosa. 

Apesar de estarem a decorrer negociações entre o Vaticano e Pequim, para a normalização das relações entre os dois Estados, a verdade é que não tem abrandado a perseguição aos cristãos em determinadas regiões da China.

Além da prisão dos cristãos em Liaoning, registou-se, ainda este ano, a expulsão de pelo menos 32 missionários sul-coreanos – há também o relato de um missionário que terá a nacionalidade americana – de uma região, Yanji, no nordeste da China, perto da fronteira com a Coreia do Norte, onde realizavam trabalho humanitário há mais de uma década.  

Também este ano, foi detido o líder de uma outra igreja protestante sob a acusação de ter “divulgado segredos de Estado”. O referido cristão, o pastor Yang Hua, da igreja protestante “Living Stone Church”, em Guizhou, foi condenado pelo Tribunal a cumprir pena de prisão de dois anos e meio.


Já em outubro, registou-se outro episódio também revelador do clima de tensão que existe entre as autoridades chinesas e algumas comunidades cristãs: a demolição, sem aviso prévio, pelas autoridades locais, de edifício pertencente à igreja em Tianjin.

A demolição deste edifício, na diocese de Anyang, provocou então manifestações de protesto que envolveram cerca de quatro dezenas de pessoas – entre as quais sacerdotes e religiosas – que degeneraram mesmo em confrontos com a polícia.

Paralelamente, continua a verificar-se, em diversas regiões da China, uma campanha de demolição de cruzes e de outros símbolos cristãos em Igrejas e casas de culto, que tem provocado também os mais profundos protestos por parte das comunidades cristãs locais, especialmente as que se mantêm fiéis ao Santo Padre.  

Na China, recorde-se, há uma comunidade cristã muito activa, apesar de “clandestina”, que se mantém fiel ao Papa, e que tem sofrido, desde o advento do regime comunista, a perseguição por parte das autoridades. 

Vaticano e Pequim não têm relações diplomáticas, sendo que a China tenta controlar, de alguma forma, a vida religiosa do país tendo instituído a “Associação Patriótica Católica” que nomeia os prelados à revelia da autoridade do Bispo de Roma e que são considerados, por isso, como “ilegítimos” pelo Vaticano.

Educris com Funadção AIS

Imagem: Daily Express

 



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