Francisco defendeu hoje, no Vaticano, a necessidade de confiar no perdão de Deus, deixando-se "misericordiar" por Ele, confiando que quando nos dá um Dom este é irrevogável.
"Quando Deus concede um dom, este é irrevogável: não o concede hoje para o tirar amanhã. Quando Deus chama, este chamamento permanece para toda a vida", começou por afirmar na homilia da eucaristia a que presidiu na Capela da Casa de Santa Marta.
O Papa argentino tomou o trecho da carta de São Paulo aos Romanos onde o apóstolo lembra a eleição de Deus:
"Deus dá ao seu povo três dons. Todos irrevogáveis porque Deus é fiel. O dom da Eleição, da promessa e da aliança".
Para Francisco, à semelhança de "Abraão", "cada um de nós é um eleito, uma eleita de Deus. Cada um de nós carrega uma promessa que o Senhor fez: «Caminha na minha presença, seja irrepreensível». E cada um de nós faz alianças com o Senhor. Pode fazê-las, não necessita de as fazer porque - é livre".
O Papa questionou então os crentes: "como sinto eu a eleição? Sinto-e cristão por acaso? Como vivo eu a promessa, uma promessa de salvação no meu caminho, e como sou fiel à aliança? Como Ele é fiel?", questionou.
Meditando sobre a leitura de São Paulo aos Romanos, o Papa lembrou dois termos que se repetem quatro vezes: "desobediência" e misericórdia":
"Este é o nosso caminho de Salvação. Onde está uma está, também a outra. No nosso caminho de eleição existem pecados, desobediências, mas ao andarmos para diante existe sempre a misericórdia. Deus é misericórdia. É fiel e não revoga os seus dons.
Francisco recomendou "adoração e louvor silencioso" diante "deste mistério da desobediência e da misericórdia que nos faz livres e diante desta beleza dos dons irrevogáveis como são a eleição, a promessa e a aliança":
"Penso que pode nos fazer bem, a todos nós, pensar hoje na nossa eleição, nas promessas que o Senhor nos fez e no modo como vivo a aliança com o Senhor. E como me deixo – permitam-me a palavra – 'misericordiar' pelo Senhor, diante dos meus pecados, das minhas desobediências".