AIS: Mais de 2 mil muçulmanos refugiados em missão católica

A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) dá conta da tensa situação na República Centro Africana onde mais de 2 mil muçulmanos continuam refugiados na missão católica de Bangassou.

Pelo menos dois mil muçulmanos continuam refugiados na missão católica de Bangassou, na sequência dos graves ataques verificados nos últimos dias por parte de grupos armados.

Segundo D. Juan José Aguirre Muños, Bispo de Bangassou, “dois mil muçulmanos ainda estão hospedados na missão católica”. “Uma parte está no seminário menor, outra na Catedral e na minha casa episcopal”, esclareceu ainda o prelado em declarações à agência Fides, acrescentando que a região enfrenta duas emergências, a da “segurança e a da ajuda humanitária”.

Bangassou tem sido palco de confrontos muito violentos causados por grupos conotados com os “anti-Balaka”, que têm como alvo essencialmente a comunidade muçulmana. 

“Estas pessoas foram ameaçadas pelos “anti-Balaka”, que invadiram a cidade nos últimos dias – explica D. Juan Muños – atacando o bairro muçulmano de Bangassou, matando, pilhando e expulsando os seus moradores, cujas casas foram incendiadas.”

Esta situação de caos ocorre numa altura em que o Conselho de Segurança da ONU vai analisar um documento em que são relatados mais de 620 crimes cometidos na República Centro-africana. Segundo as Nações Unidas, 88 mil pessoas deixaram as suas casas no país após o reacender de confrontos em Maio.

No documento, as Nações Unidas apresentam detalhes de, pelo menos, “620 incidentes, que incluem relatos de aldeias completamente incendiadas em ataques” neste país, e em que são referidos “assassinatos em massa e outras graves violações dos direitos humanos” ocorridos entre os anos de 2003 e 2015.

Em muitos destes dados, que fazem parte do documento que agora vai ser analisado e discutido no Conselho de Segurança, é referido que vários dos abusos observados “podem ser considerados crimes de guerra e contra a Humanidade”, nomeadamente casos de violações, “assassinatos extrajudiciais, mortes após tortura ou maus-tratos graves nos centros de detenção, violência baseada na religião, etnia ou na percepção de apoio das vítimas a grupos armados”.

O relatório inclui ainda “casos de recrutamento de mulheres e crianças por essas formações, além de ataques ao pessoal humanitário como forças de paz entre outras violações graves”.

Educris|01.06.2017

Imagem: AIS



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