RDC: Igreja denuncia crescente violência associada a radicais islâmicos

Bispos da República Democrática do Congo falam de “verdadeira crise” e temem pelo desenvolvimento do país

É uma tomada de posição invulgar por parte dos bispos da República Democrática do Congo (RDC) face à crescente onda de violência, especialmente na região leste, onde atuam com grande violência e impunidade milícias rebeldes que se identificam com grupos radicais islâmicos.

Num comunicado enviado à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), os prelados falam na “situação de insegurança” como uma “verdadeira crise”, e dizem temer pelo desenvolvimento do país enquanto a região “permanecer sob o controlo dos predadores”.

O comunicado surge após a visita de uma delegação de bispos da República Democrática do Congo às as províncias do Kivu do Norte e de Ituri no passado mês de janeiro.

Nele os prelados afirmam existir “indícios de uma estratégia profunda” com vista à “islamização da região”, e que isso se refletirá a longo prazo na estabilidade política do país.

Os bispos católicos dão conta de contactos com antigos prisioneiros de uma milícia islâmica, a ADF [Forças Democráticas Aliadas], que terão garantido que “tinham sido obrigados a converter-se ao Islão”.

“As milícias promovem a ocupação da terra, a exploração ilegal de recursos naturais, o auto-enriquecimento gratuito e a Islamização da região sem respeito pela liberdade religiosa”, denunciam.

A Igreja calcula que desde 2013 os grupos armados da região já tenham provocado” mais de 8 mil mortos e cerca de 3 milhões de deslocados”, pessoas que foram forçadas a fugir de suas casas, desconhecendo-se, ainda, “o paradeiro de cerca de 7500 pessoas raptadas pelos grupos extremistas”.

“As pessoas sentem-se abandonadas. As promessas do governo central de restabelecer rapidamente a paz são abundantes, mas, em muitos casos, permaneceram sem quaisquer efeitos”, pode ler-se no documento.

No Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela fundação pontifícia a 20 de abril passado, a República Democrática do Congo está classificada como um país que enfrenta “sérios desafios devido à pobreza, corrupção, debilidade das estruturas estatais, elevados níveis de insegurança e surtos de ébola e da pandemia do coronavírus”.

O Relatório reforça os alertas da Igreja, notando que, apesar da presença de militares e da missão de manutenção da paz da ONU, “os grupos armados no leste do país continuam a aterrorizar indiscriminada e brutalmente a população, sobretudo por interesses de exploração de minerais”.

Educris com AIS

Imagem:AIS

23.04.2021



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