Ângelus: O que fazer para ter acesso ao coração de Jesus

Antes da recitação do Ângelus desta domingo o Papa Francisco recordou a necessidade e estar atento ao "coração mumificado" e recordou o episódio da filha de Jairo como testemunho de que "em Jesus todos temos lugar".

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre.

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

 

O Evangelho deste domingo (cf. Mc 5,21-43) apresenta dois prodígios realizados por Jesus, descrevendo-os quase como uma espécie de marcha triunfal até à vida.

 

Primeiro, o evangelista fala de um certo Jairo, um dos líderes da sinagoga, que vem ter com Jesus e pede-lhe que vá a sua casa porque a sua filha de doze anos está a morrer. Jesus aceita e vai com ele; mas, ao longo do caminho, chega a notícia de que a menina está morta. Podemos imaginar a reação do pai. Mas Jesus diz-lhe: «Não tenhas medo, mantem a fé!» (V. 36). Uma vez na casa de Jairo, Jesus faz sair da sala as pessoas que choravam - inclusive as mulheres carpideiras que gritavam alto – e entra na sala apenas com os pais e os três discípulos, e voltando-se para o falecido diz: «Menina, eu te ordeno: levanta-te!» (V.41). E imediatamente a menina se levanta, como se acordasse de um sono profundo (v. 42).

Dentro da história deste milagre, Marcos insere outra: a cura de uma mulher que sofria de sangramento e foi curada assim que tocou o manto de Jesus (vv. 27). Aqui é surpreendente que a fé desta mulher – apetece-me dizer "rouba" - a potência salvífica divina que está em Cristo, o qual, sentindo que uma força "tinha saído dele", tenta descobrir quem foi. E quando a mulher, com tanta vergonha, se aproxima e confessa tudo, Ele diz-lhe: «Filha, a tua fé te salvou» (v.34).

Estas são duas histórias interligadas, com um único centro: a fé; e mostrar Jesus como a fonte da vida, como aquele que devolve a vida àqueles que confiam Nele plenamente. Os dois protagonistas, o pai da menina e a mulher doente, não são discípulos de Jesus e ainda assim são abarcados pela fé. Eles têm fé neste homem. A partir disto entendemos que todos são admitidos no caminho do Senhor: ninguém se deve sentir como um intruso, uma pessoa abusiva ou alguém que não tem direito. Para ter acesso ao seu coração, ao coração de Jesus, há apenas um requisito: sentir necessidade de cura e confiar-se a Ele. Eu vos pergunto: cada um de vós sente necessidade de cura? De alguma coisa, algum pecado, algum problema? E se se sente isto, há aí fé em Jesus? Estes são os dois requisitos para ser curado, para ter acesso ao seu coração: Sentir-se na necessidade de cura e confiar Nele. Jesus vai encontrar estas pessoas no meio da multidão e tira-as do anonimato, liberta-as do medo de viver e de ousar. Fá-lo com um olhar e com uma palavra que os recoloca na estrada depois de tanto sofrimento e humilhação. Nós também somos chamados a aprender e a imitar estas palavras que libertam e estes olhares que devolvem àqueles a vontade de viver.

Nesta página do Evangelho, os temas da fé e da nova vida que Jesus veio oferecer a todos entrelaçam-se. Entrando na casa onde a menina está morta, Ele expulsa aqueles que estão agitados e lamentando-se (vv. 40) e diz: «A criança não está morta, ela está a dormir» (v. 39). Jesus é o Senhor, e diante Dele, a morte física é como um sono: não há motivo para desesperar. Outra é a morte da qual se deve ter medo: a do coração endurecido pelo mal! Dessa sim, devemos ter medo! Quando sentimos que os nossos corações estão endurecidos, os nossos corações endurecem e, eu permito-me a palavra, o coração mumificado, devemos ter medo disso. Esta é a morte do coração. Mas até mesmo o pecado, mesmo o coração mumificado, para Jesus nunca é a última palavra, porque Ele trouxe-nos a infinita misericórdia do Pai. E mesmo que tenhamos caído, a sua voz suave e forte resgata-nos: «Eu te ordeno: levanta-te!» É lindo ouvir estas palavras de Jesus dirigidas a cada um de nós: «Eu te ordeno: levanta-te! Vá, levanta-se, sê corajoso, levanta-te! E Jesus devolve a vida à menina e devolve a vida à mulher curada: vida e fé para ambos.

Peçamos à Virgem Maria que acompanhe o nosso caminho de fé e amor concreto, especialmente para com os necessitados. E invocamos a sua intercessão materna para com os nossos irmãos que sofrem em corpo e espírito.

Educris a partir do original em italiano



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