Ângelus: «A minha fé está aberta às surpresas de Deus?»

Na manhã deste Domingo o Papa Francisco rezou a oração mariana do Ângelus na praça de São Pedro. Francisco refletiu sobre o nascimento de João Batista e convidou os crentes a um profundo exame de consciência.

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje a liturgia convida-nos a celebrar a festa da Natividade de São João Batista. O seu nascimento é o acontecimento que ilumina a vida dos seus pais Isabel e Zacarias, e envolve parentes e vizinhos na alegria e no espanto. Estes pais idosos haviam sonhado e mesmo preparado aquele dia, mas hoje não o esperavam mais: sentiam-se excluídos, humilhados, desapontados: não tinham filhos. Diante do anúncio do nascimento de um filho (cf. Lc 1,13), Zacarias ficou incrédulo, porque as leis naturais não o permitiam: eram velhos, eram velhos; como resultado, o Senhor fê-lo permanecer em silêncio durante o tempo de gestação (ver v. 20). É um sinal. Mas Deus não depende da nossa lógica e das nossas limitadas capacidades humanas. Devemos aprender a confiar e a ficar em silêncio diante do mistério de Deus e a contemplar com humildade e silêncio o seu trabalho, revelado na história e que tantas vezes ultrapassa a nossa imaginação.

E agora que o acontecimento se completa, agora que Isabel e Zacarias experimentam que «nada é impossível a Deus» (Lc 1, 37), a alegria deles é grande. A página do Evangelho de hoje (Lc 1,57-66,80) anuncia o nascimento e depois concentra-se no momento de impor o nome à criança. Isabel escolhe um nome estranho à tradição familiar e diz: «Será chamado João» (v. 60), um presente gratuito e até agora inesperado, porque João significa «Deus fez graça». E esta criança será arauto, testemunha da graça de Deus para os pobres que esperam com humilde fé pela sua salvação. Zacarias confirma, de maneira inesperada, a escolha deste nome, escrevendo-o numa tábua - porque estava mudo- e «imediatamente se lhe abriu a boca, descolou-se a língua e falou normalmente, bendizendo a Deus» (v. 64).

Todo o acontecimento do nascimento de João Batista é rodeado por um alegre sentimento de surpresa, surpresa e gratidão. Espanto, surpresa, gratidão. As pessoas são envolvidas por um santo temor a Deus «e todas estas coisas foram divulgadas em toda a região montanhosa da Judeia (v. 65). Irmãos e irmãs, as pessoas fiéis percebem que algo grande aconteceu, mesmo que seja humilde e oculto, e perguntam: «O que será esta criança?» (V. 66). O povo fiel de Deus é capaz de viver a fé com alegria, com uma sensação de surpresa, surpresa e gratidão. Nós olhamos para aquelas pessoas que conversaram bem sobre esta coisa maravilhosa, sobre este milagre do nascimento de João, e eles fizeram isto com alegria, estavam felizes, com um senso de assombro, de surpresa e gratidão. E olhando para isto, vamos perguntar-nos: como está a minha fé? É uma fé alegre, ou é sempre a mesma fé, uma fé "plana"? Eu tenho um senso de espanto quando vejo as obras do Senhor, quando ouço sobre evangelização ou a vida de um santo, ou quando vejo tantas pessoas boas: sinto a graça por dentro, ou nada se move no meu coração? Posso sentir as consolações do Espírito ou estou fechado? Vamos perguntar a cada um de nós, num exame de consciência: Como está minha fé? É alegre? Está aberta às surpresas de Deus? Porque Deus é o Deus das surpresas. Eu já provei na alma aquele sentimento da maravilha que dá a presença de Deus, aquele sentimento de gratidão? Pensemos nessas palavras, que são a alma da fé: alegria, sensação de espanto, sensação de surpresa e gratidão.

Que a Santíssima Virgem nos ajude a compreender que em toda pessoa humana existe a marca de Deus, a fonte da vida. Ela, Mãe de Deus e nossa Mãe, torna-nos cada vez mais conscientes de que na geração de um filho os pais agem como colaboradores de Deus, uma missão verdadeiramente sublime que faz de cada família um santuário de vida e desperta - todo nascimento de uma criança - alegria, espanto, gratidão.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Educris|24.06.2018

 

 



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