Vaticano: Homilia do Papa na missa com os missionários da Misericórdia

Francisco celebrou a eucaristia esta manhã com os missionários da misericórdia e desafiou-os a serem "simples e equilibrados" sempre movidos pelo "serviço comunitário" e pelo "anúncio da ressureição de Jesus".

Leia, na íntegra, a homilia do Santo Padre.

 

Escutámos hoje no livro de Atos: «Com grande força os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus» (At 4, 33).

Tudo parte da Ressurreição de Jesus: dela vem o testemunho dos apóstolos e, através dela, gera-se a fé e a vida nova nos membros da comunidade, com o seu próprio estilo evangélico.

As leituras da Missa de hoje destacam bem estes dois aspetos inseparáveis: o renascimento pessoal e a vida comunitária. E agora, volto-me para vós, queridos irmãos, penso no vosso ministério que realizais desde o Jubileu da Misericórdia. Um ministério que se move em ambas as direções: ao serviço do povo, porque "renascido do alto” e ao serviço das comunidades, para que possam viver com alegria e coerência o mandamento do amor.

Neste sentido a Palavra de Deus hoje oferece duas indicações que gostaria que acolhêsseis para vós, pensado no que é próprio da vossa missão.

O Evangelho recorda que os que são chamados a testemunhar a ressurreição de Cristo devem, na primeira pessoa, "nascer do alto" (cf. Jo 3, 7). Caso contrário, acaba-se por ficar como Nicodemos que, apesar de ser mestre em Israel, não entendia as palavras de Jesus quando este lhe disse que para "ver o reino de Deus" devemos "nascer do alto”, nascer "da água e do Espírito" (cf. 3-5). Nicodemos não entendia a lógica de Deus, que é a lógica da graça, da misericórdia, para quem os que se fazem pequenos são grandes, o que se torna ultimo é o primeiro, aquele que se reconhece doente será curado. Isto significa verdadeiramente deixar i primado ao Pai, a Jesus e ao Espírito Santo na nossa vida. Atenção: não se trata de se tornar padres "manientos", quase como se fossem depositários de algum carisma extraordinário. Não. Sacerdotes ordinários, simples, gentis, equilibrados, mas capazes de se deixar regenerar constantemente pelo Espírito, dóceis à sua força, interiormente livres - sobretudo de si mesmos - movidos pelo "vento" do Espírito que sopra onde quer (cf. Jo 3, 8).

A segunda indicação diz respeito ao serviço comunitário: ser sacerdotes capazes de "elevar" no "deserto" do mundo o sinal da salvação, isto é, a cruz de Cristo, como fonte de conversão e renovação para toda a comunidade e para o próprio mundo (cf Jo 3, 14-15). Em particular, gostaria de salientar que o Senhor que morreu e ressuscitou é a força que cria a comunhão na Igreja e, através da Igreja, em toda a humanidade. Jesus disse antes da Paixão: «Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim» (Jo 12, 32). Esta força de comunhão manifestou-se desde o início na comunidade de Jerusalém, onde - como atesta o Livro de Atos - «a multidão dos que se haviam convertido tinha um só coração e uma só alma» (4,32). Era uma comunhão tal que faziam partilha concreta de bens, de modo que «tudo era comum entre eles» (v. Ibid.) e «nenhum deles passava necessidade» (v. 34). Mas este estilo de vida da comunidade era também "contagioso" para o exterior: a presença viva do Senhor ressuscitado produz uma força de atração que, através do testemunho da Igreja e através das várias formas de proclamação da Boa Nova, tende a atingir a todos, ninguém fica excluído.  Caros irmãos, ponham o vosso ministério específico de Missionários da Misericórdia ao serviço deste dinamismo. De facto, tanto a Igreja como o mundo de hoje têm uma necessidade particular de Misericórdia porque a unidade desejada por Deus em Cristo prevalece sobre a ação negativa do maligno que se aproveita de muitos meios atuais, em si bons, mas mal utilizados para em vez de unir dividir. Estamos convencidos de que «a unidade é superior ao conflito» (Evangelii gaudium, 228), mas também sabemos que sem a misericórdia este princípio não tem força para ser implementado no concreto da vida e da história.

Queridos irmãos, parti desta reunião com a alegria de serdes confirmados no ministério da Misericórdia. Em primeiro lugar confirmada pela confiança de serdes primeiramente chamados a renascer sempre "do alto", do amor de Deus e ao mesmo tempo confirmados na missão de oferecer a todos o sinal de Jesus "levantado" da terra, porque a comunidade é um sinal e instrumento de unidade no meio do mundo.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Educris|10.04.2018



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