Audiência-geral: «Liturgia Eucarística: I. Apresentação dos dons»

Na manhã desta quarta-feira o Papa Francisco encontrou-se na sala Paulo VI, no Vaticano, com milhares de peregrinos para a tradicional audiência-geral das quartas-feiras.

A décima primeira catequese sobre a eucaristia teve como tema «Liturgia Eucarística: I. Apresentação dos dons»

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Continuamos com as catequeses sobre a Santa Missa. Na Liturgia da Palavra - sobre a qual refleti nas últimas catequeses – sucede outra parte constitutiva da Missa, que é a Liturgia Eucarística. Nela, através dos símbolos sagrados, a Igreja continua a fazer presente o Sacrifício da nova aliança selada por Jesus no altar da Cruz (cfr. Concílio Ecumênico do Vaticano II, Const. Sacrosanctum Concilium, 47). Foi ali o primeiro altar cristão, naquela Cruz, e quando nos aproximamos do altar para celebrar a Missa, a nossa memória vai para o altar da Cruz, onde foi feito o primeiro sacrifício. O sacerdote, que na Missa representa Cristo, faz o que o próprio Senhor fez e confiou aos discípulos na última ceia; tomou o pão e o cálice, deu graças, deu-os aos discípulos, dizendo: "Tomai, comei... bebei: isto é o meu corpo... Este é o cálice do meu sangue. Fazei isto em memória de mim».

Obediente ao pedido de Jesus, a Igreja organizou a Liturgia Eucarística em momentos que correspondem às palavras e gestos feitos por Ele na véspera da sua Paixão. Assim, na preparação dos dons, o pão e o vinho são trazidos para o altar, isto é, os elementos que Cristo tomou em suas mãos. Na oração eucarística, damos graças a Deus pela obra da redenção e as ofertas tornam-se Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Seguindo a fração do Pão e da Comunhão, mediante a qual revivemos a experiência dos Apóstolos que receberam os dons eucarísticos das mãos do próprio Jesus (Cfr. Instrução Geral do Missal Romano, 72).

O primeiro gesto de Jesus: «Ele tomou o pão e o cálice de vinho», corresponde, portanto, à preparação dos dons. É a primeira parte da liturgia eucarística. É bom que os fiéis apresentem o pão e o vinho ao sacerdote, porque significam a oferta espiritual da Igreja reunida para a Eucaristia. É lindo que os fiéis tragam o pão e o vinho ao altar. Embora hoje "os fiéis já não tragam o seu próprio pão e vinho destinados à liturgia, todavia o rito da apresentação destes dons conserva o seu valor e significado espiritual»  (ibid., 73). E, a este respeito, é significativo que, ao ordenar um novo sacerdote, o Bispo, quando lhe dá pão e vinho, diga: «Recebe as oferendas do povo santo para O sacrifício eucarístico» (Pontifical Romano - Ordenação dos bispos, presbíteros e dos diáconos). O povo de Deus é quem traz a oferenda, o pão e o vinho, a grande oferta para a missa! Portanto, nos sinais de pão e vinho, os fiéis colocam a sua oferenda nas mãos do sacerdote, que o coloca no altar ou na mesa do Senhor, «que é o centro de toda a liturgia eucarística» (IGMR, 73). Ou seja, o centro da Missa é o altar, e o altar é Cristo; devemos olhar sempre para o altar que é o centro da missa. No «fruto da terra e da do trabalho do homem», vem portanto o empenho dos féis a fazerem de si mesmo, obedientes à Palavra divina, um «sacrifício agradável a Deus, Pai Todo-Poderoso», «pelo bem de toda a sua santa Igreja». Assim, «a vida dos fiéis, o sofrimento, a oração, a sua obra, estão unidos aos de Cristo e à sua oferta total, e assim adquirem um novo valor» (Catecismo da Igreja Católica, 1368).

Claro, nossa oferta é pequena, mas Cristo precisa deste pouco. Ele pede-nos pouco, o Senhor, e dá-nos tanto. Pede-nos pouco. Ele pede-nos, na vida de todos os dias, boa vontade; ele pede-nos um coração aberto; Ele pede-nos para desejarmos ser melhores de modo a Acolhe-Lo, Ele que se oferece a si mesmo a nós na Eucaristia; Ele pede-nos estas ofertas simbólicas que se tornarão o Seu corpo e o Seu sangue. Uma imagem deste movimento de oração oblativo é representada pelo incenso que, consumido no fogo, liberta um fumo perfumado que se eleva: incensar as ofertas, como fazemos nos dias de festa, o altar, o sacerdotes e o povo sacerdotal manifesta de modo visível o vínculo oblativo que une todas estas realidades ao sacrifício de Cristo (ver IGMR, 75). E não se esqueçam: É o altar que é Cristo, mas sempre em referência ao primeiro altar que é a Cruz, e no altar que é Cristo, trazemos o pouco dos nossos dons, o pão e o vinho que se tornarão tanto: Jesus, ele mesmo, que se entrega a nós.

E tudo isto é o que também expressa a oração sobre as oferendas. Nela, o sacerdote pede a Deus que aceite os dons que a Igreja lhe oferece, invocando o fruto do maravilhoso intercâmbio entre a nossa pobreza e a sua riqueza. No pão e no vinho, apresentamos-lhe a oferta da nossa vida, para que ela possa ser transformada pelo Espírito Santo no sacrifício de Cristo e se torne com ele uma só oferta espiritual que agrade ao Pai. Assim termina a preparação dos dons e tudo está preparado para a Oração eucarística. (Cfr ibid., 77).

A espiritualidade do dom de si mesmo, que este momento da Missa nos ensina, pode iluminar os nossos dias, as nossas relações com os outros, as coisas que fazemos, os sofrimentos que encontramos, ajudando-nos a construir a cidade terrena à luz do Evangelho.

Tradução Educris a partir do original em Italiano

Imagem: Vatican.va

Educris|28.02.2018

 

 



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