Vaticano: «A bem-aventurança da sede», 10ª pregação

Na última pregação do retiro que tem orientado para o Papa e para a Cúria Romana o Padre Tolentino Mendonça abordou o tema «A bem-aventurança da sede».

Na sua meditação o padre português sustentou que “as bem-aventuranças são mais do que uma lei ou uma norma mas constituem-se como uma configuração da vida, um verdadeiro chamamento existencial”:

“Elas são o autorretrato de Jesus: pobre em espírito, manso e misericordioso, sedento e homem de paz, faminto de justiça e com a capacidade de acolher a todos, vibrante de alegria ao testemunhar a ação do Pai nos últimos e nos pequeninos”, apontou citado pelo portal de notícias do Vaticano.

“Deus tem sede de que a vida das suas criaturas seja uma vida de bem-aventuranças. Deus não desiste de dizer que toda vida – a nossa vida – é amada e beata. Esta é a sede de Deus”.

Para isto torna-se urgente “não domesticar o Evangelho”, o que ocorre quando construímos “e barreiras em vez de pontes”:

“O nosso coração está sempre pronto a tornar-se uma arma de combate. Esta atitude defensiva é um perigo para a Igreja, que deve recordar-se que não é um clube exclusivo, restrito, feliz na medida em que exclui. É um hospital de campanha. E quando não vive a tensão de encruzilhada da humanidade, deve perguntar-se se não está a domesticar o Evangelho de Jesus”.

Para redescobrir a «bem-aventurança da sede» como modo de “nunca estar saciado de Deus” pois “quem tem fome e sede de Deus” amplifica o nosso desejo e intensifica a busca”:

Mostrando Maria como uma guia “para este itinerário da bem-aventurança da sede” o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa “convidou a olhar Maria como uma mulher da escuta” que mantém as portas abertas do coração e da vida”:

“Muitas vezes vivemos a nossa vida tão envolvidos na nossa cápsula que até um anjo de Deus encontraria dificuldade de entrar: nada mais nos surpreende. Mas um anjo pode visitar-nos somente quando temos o coração desarmado, quando estamos dispostos a acolher o inesperado. Maria ensina-nos justamente a hospitalidade da vida”, sintetizou.

Citando o teólogo alemão Urs Von Balthasar, o padre Tolentino concluiu as suas meditações com a convicção de que “sem a mariologia o cristianismo corre o risco de se desumanizar. A Igreja torna-se uma instituição sem alma. Em cada época, a Igreja deve aprender de Maria a compaixão, a ternura e a cura que a sede de cada ser humano requer”.



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