Audiência-geral:«Ser presente de Deus para os outros»

Na última audiência geral do ano civil o Papa Francisco recebeu, na Sala Paulo VI, milhares de peregrinos e refletiu sobre o tema o «Natal do Senhor Jesus».

 

Leia, na íntegra, a catequese do Papa Francisco

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Hoje, gostaria de refletir convosco sobre o significado do Natal do Senhor Jesus, que nestes dias vivemos na fé e nas celebrações.

A construção da cena da natividade e, acima de tudo, a liturgia, com as suas leituras bíblicas e suas canções tradicionais, fizeram-nos reviver «o hoje» no qual «nasceu para nós o Salvador, o Cristo Senhor» (Lc 2,11) .

No nosso tempo, especialmente na Europa, testemunhamos uma espécie de "desnaturalização" do Natal: em nome de um falso respeito que não é cristão, que muitas vezes esconde a vontade de marginalizar a fé, elimina-se da festa qualquer referência ao nascimento de Jesus. Mas, na realidade este acontecimento é o único verdadeiro Natal! Sem Jesus não há Natal; há outra festa, mas não o Natal. E se no centro está Ele, então também o entorno, aquilo que está há volta e que são as luzes, os sons, as várias tradições locais, incluindo os alimentos característicos, todos ajudam a criar a atmosfera da festa, mas com Jesus no centro. Se O tiramos, a luz apaga-se e tudo se torna falso, aparente.

Através do anúncio da Igreja, nós, como os pastores no Evangelho (cf. Lc 2: 9), somos conduzidos a procurar e a encontrar a verdadeira luz, a de Jesus que, feito homem como nós, se mostra de maneira surpreendente: nascido de uma pobre menina desconhecida, que o dá há luz num estábulo, com a ajuda apenas do seu marido... O mundo não percebe nada, mas no céu os anjos que sabem exultam! E é assim que o Filho de Deus se apresenta a nós hoje: como o dom de Deus para a humanidade que está imersa na noite e no torpor do sono (cf. Is 9,1). E mesmo hoje assistimos ao facto de que a humanidade geralmente prefere a escuridão, porque sabe que a luz revelaria todas aquelas ações e pensamentos que fariam corar ou remoer a consciência. Assim, preferimos ficar no escuro e não alterar os maus hábitos.

Podemos então perguntarmo-nos o que significa aceitar o dom de Deus que é Jesus. Como ele mesmo nos ensinou com a sua vida, significa tornar-se um presente gratuito para aqueles que se encontram no seu próprio caminho todos os dias. É por isso que no Natal se trocam presentes. O verdadeiro presente para nós é Jesus e, como ele, queremos ser um presente para os outros. E como queremos ser um presente para os outros, trocamos dons, como sinal, como um sinal dessa atitude que Jesus nos ensina: Ele, enviado pelo Pai, foi um presente para nós e somos presentes para os outros.

O apóstolo Paulo oferece-nos uma chave de leitura sintética, quando escreve - é bela esta passagem de Paulo - : «manifestou-se a graça de Deus, portadora de salvação para todos os homens, para nos ensinar a renúncia à impiedade e aos desejos mundanos, a fim de vivermos neste mundo presente com sobriedade, justiça e piedade» (Tt 2, 11-12). A graça de Deus "apareceu" em Jesus, o rosto de Deus, que a Virgem Maria deu à luz como qualquer menino neste mundo, mas que não veio "da terra", veio "do céu", de Deus. Desta forma, com a encarnação do Filho, Deus abriu o caminho para uma nova vida, fundada não no egoísmo, mas no amor. O nascimento de Jesus é o maior gesto de amor do nosso Pai do Céu.

E, finalmente, um último aspeto importante: no Natal, podemos ver como a história humana, movida pelos poderosos deste mundo, é visitada pela história de Deus. E Deus envolve aqueles que, confinados às margens da sociedade, são os primeiros recetores do Seu presente, isto é - o presente - a salvação trazida por Jesus. Com os pequeninos e desprezados, Jesus estabelece uma amizade que continua no tempo e que nutre a esperança para um futuro melhor. A essas pessoas, representadas pelos pastores de Belém, «apareceu uma grande luz» (Lc 2,9-12). Eles foram marginalizados, foram mal vistos, desprezados, e a grande notícia foi a eles revelada em primeiro lugar. Com estas pessoas, com os pequeninos e os desprezados, Jesus estabelece uma amizade que continua no tempo e que nutre a esperança de um futuro melhor. A estas pessoas, representadas pelos pastores de Belém, apareceu uma grande luz, que os levou diretamente a Jesus. Com eles, em todo o tempo, Deus quer construir um mundo novo, um mundo no qual não há mais pessoas recusadas, maltratadas e destituídas.

Queridos irmãos e irmãs, nestes dias abramos as nossas mentes e corações para receber esta graça. Jesus é o presente de Deus para nós e, se bem-vindo, nós também podemos torná-lo para os outros - ser o presente de Deus para os outros - antes de tudo para aqueles que nunca experimentaram atenção e ternura. Mas quantas pessoas na sua vida nunca experimentaram uma carícia, uma atenção de amor, um gesto de ternura... O Natal empurra-nos a fazê-lo. Assim, Jesus nasce de novo na vida de cada um de nós e, através de nós, continua a ser um dom de salvação para os pequeninos e os excluídos.

Tradução Educris a partir do original em italiano

Imagem: Vatican.va



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades