De visita a Cesena e a Bolonha Francisco encontrou-se com migrantes, pediu uma sociedade "sem medo de acolher as diferenças" e voltou a colocar o foco nas questões da "equidade no trabalho" afirmando que "só em conjunto se pode sair da crise e construir futuro".
Logo pela manhã deste domingo o Papa visitou a cidade de Cesena, por ocasião dos 300 anos de nascimento do Papa Pio VI, natural daquela cidade. A pequena cidade, de não mais de 60 mil habitantes , viu ainda nascer outro Papa, Pio VII.
Aqui Francisco saudou as autoridades e, dirigindo-se à população lembrou a necessidade de "trabalhar todos juntos para o bem comum e para uma boa política":
"Uma política que saiba harmonizar as legítimas aspirações de cada um e dos grupos, no interesse de todos os cidadãos. A política é um serviço inestimável para o bem da coletividade; é uma nobre forma de caridade", sustentou o Papa.
Bolonha: a primeira cidade europeia e libertar os servos
Já na cidade de Bolonha, que celebra o Congresso Eucarístico diocesano, Francisco começou por se encontrar com cerca de mil migrantes e assistentes sociais do centro regional de acolhimento.
À entrada o Papa recebeu uma pulseira identificativa, igual à que é dada a cada migrante aqui acolhido. Nas suas palavras, dirigidas aos migrantes e aos que aqui trabalham, Francisco começou por recordar "todos os que aqui ancoram e vê de longe"e todos os que "ficaram no mar" na tentativa de um futuro melhor:
"Deus conhece o seu nome e guarda-os junto de si", afirmou.
O Papa agradeceu a todos os que prestam auxílio e assistência aos estrangeiros que vêm "bater à nossa porta" e afirmou que o fenómeno da emigração "requer visão e grande determinação na gestão, inteligência e estruturas, mecanismos claros, que não permitam distorções ou exploração, sobretudo por serem pessoas pobres. É preciso que outros países adotem programas de apoio e acolhimento, abram corredores humanitários para os refugiados. Que haja integração!", exortou o Papa.
Abordando a história desta cidade que fica situada na região Emília-Romanha Francisco elogiou a cidade exortando os seus habitantes a permanecerem firmes na sua história de acolhimento e liberdade:
"Bolonha é uma cidade conhecida, desde sempre, pelo seu acolhimento. Ela renovou-se com a suas experiências de solidariedade e hospitalidade nas paróquias, centros sociais e religiosos, e nas famílias. A cidade não deve ter medo de dar ‘cinco pães e dois peixes’ aos necessitados. A Providência intervirá e satisfará a todos", afirmou o Pontífice.
"Há 760 anos, esta cidade foi a primeira na Europa a liberar 5855 escravos. Assim, como outrora, os eus habitantes não têm medo de acolher tantas pessoas, que chegam de países pobres, em busca de felicidade, esperança e prosperidade.".
Após este encontro Francisco foi encontrar-se com milhares de pessoas representativas do mundo do trabalho da região.
Diálogo como base para a prosperidade
Na praça maior de Bolonha, e após escutar D. Matteo Maria Zuppi, arcebispo da cidade e membro da comunidade de Santo Egídio, Francisco realizou breve discurso antes da oração do Angelus.
Na sua alocusão o Papa lembrou que no mundo do trabalho "existem diversas partes sociais" que tem, muitas vezes, "discordâncias e discussões" sobre diversos pontos de vista:
"Somente juntos, se pode superar a crise e construir o futuro. Somente através do diálogo que permite encontrar respostas eficazes e inovadoras, sobretudo no que se refere à qualidade do trabalho e o indispensável ‘welfare’" é possível "sair da crise e encontrar o futuro".
O Papa pediu "soluções estáveis, capazes de ajudar, as pessoas e as famílias, a encarar o futuro" de modo a combater o desemprego dos mais novos e de todos os que não conseguem inserir-se na sociedade:
"O acolhimento e a luta contra a pobreza passam, em grande parte, através do trabalho. Não se pode oferecer ajuda aos pobres sem lhes dar trabalho e dignidade".
Antes da oração do Angelus Francisco garantiu que a "crise económica mundial" é "também uma crise ética, espiritual e humana. Ela está arraigada na traição do bem comum. Por isso é preciso aumentar a oportunidade de um trabalho digno para todas as pessoas".
Após o almoço o Papa, que se realiza com pobres, refugiados e prisioneiros, Francisco vai encontrar-se com o clero da região. O dia termina com a celebração da eucaristia no estádio da cidade.