Angelus: "Não tenhais medo" do testemunho

Na manhã deste XII Domingo do Tempo Comum o Papa Francisc rezou a oração mariana do Angelus perante milhares de fiéis que com ele se reuniram na Praça de São Pedro no Vaticano.

Na sua reflexão, a partir do evangelho do domingo, o Papa falou sobre o "testemunho da fé" e pediu coragem "perante as perseguições" considerando que "Jesus nunca nos abandona".

Leia, na íntegra, a alocução do Santo Padre.

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No Evangelho de hoje (cf. Mt 10,26-33), o Senhor Jesus, depois de ter chamado e enviado em missão os seus discípulos, instrui-os e prepara-os para enfrentarem as provações e as perseguições que terão de encontrar. Ir em missão não é fazer turismo, e Jesus adverte os seus: “Encontrareis perseguições”. Do mesmo modo exorta-os: “Não tenhais medo dos homens, pois não há nada encoberto que não venha a ser revelado [...]. O que vos digo na escuridão dizei-o à luz. [...] E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (vv. 26-28). Eles só podem matar o corpo, eles não têm o poder de matar a alma: não tenhais medo deles. O envio em missão da parte e Jesus não garante aos discípulos o sucesso, e também não os livra das falhas e do sofrimento. Eles devem ter em conta tanto a possibilidade de rejeição, como a de perseguição. Isto assusta um pouco, mas é a verdade.

O discípulo é chamado a conformar a própria vida a Cristo, que foi perseguido pelos homens, experimentou a rejeição, o abandono e a morte na cruz. Não há missão cristã marcada pela tranquilidade! As dificuldades e as tribulações fazem parte do trabalho de evangelização, e somos chamados a encontrar nele uma oportunidade de verificar a autenticidade da nossa fé e o nosso relacionamento com Jesus. Devemos ter em conta estas dificuldades como uma oportunidade de ser ainda mais missionários e crescer naquela confiança perante Deus, nosso Pai, que não abandona os seus filhos na hora da tempestade. No meio das dificuldades do testemunho cristão no mundo, nunca somos esquecidos, mas sempre assistidos pela preocupação de amor do Pai. Portanto, no Evangelho de hoje, três vezes Jesus tranquiliza os discípulos e diz-lhes: "Não tenhais medo."

Ainda hoje, irmãos e irmãs, a perseguição contra os cristãos está presente. Nós oramos pelos nossos irmãos e irmãs que são perseguidos, e louvamos a Deus porque, apesar disto, eles continuam a testemunhar com coragem e fidelidade a sua fé. O seu exemplo ajuda-nos não hesitar na tomada de uma posição em favor de Cristo, dando testemunho corajosamente nas situações quotidianas, mesmo em contextos aparentemente tranquilos. Na verdade, uma forma de provação também pode ser a ausência de hostilidade e sofrimentos. “Ovelhas mo meio de lobos", o Senhor, mesmo no nosso tempo, envia-nos como sentinelas para o meio de pessoas que não querem ser incomodados com o torpor do mundo, que ignoram a palavra da verdade do Evangelho, construindo a sua própria verdade efémera. Se vivemos ou andamos nestes contextos e anunciamos a Palavra do Evangelho, causamos incómodo e somos olhados de lado.

Mas em tudo isto o Senhor continua a dizer-nos, como ele disse aos discípulos do seu tempo: “Não tenhais medo!". Não nos esqueçamos desta palavra: Sempre, quando temos algum problema, alguma perseguição, algo que nos faz sofrer, ouvimos a voz de Jesus no coração: "Não tenhais medo! Não tenhas medo, vai em frente! Eu estou convosco. " Não tenhais medo de quem goza e maltrata, e não tenhais medo de quem vos ignora, ou vos honra pela frente mas por detrás luta contra o Evangelho. São muitos os que diante de nós esboçam sorrisos, mas por dentro combatem o Evangelho. Conhecemo-los todos. Jesus nunca nos deixa sozinhos porque somos preciosos para Ele. Por isso não nos deixa sós: Cada um de nós é precioso para Jesus, e Ele acompanha-nos.

A Virgem Maria, modelo de humilde e corajosa adesão à Palavra de Deus, ajuda-nos a compreender que no testemunho da fé não contam os sucessos, mas a fidelidade, a fidelidade a Cristo, reconhecendo em todas as circunstâncias, mesmo as mais problemáticas, o dom inestimável de ser discípulos missionários.

Educris|25.06.2017



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