Audiência geral: Os Santos, testemunhas e companheiros de esperança

Na manhã de quarta-feira o Papa Francisco continuou a série de audiências gerais onde tem apresentado o tema da esperança. Hoje o Papa apresentou um percurso sobre a intercessão dos santos e sustentou que o mundo precisa de "misticos" que sejam "verdadeiro rosto de Jesus".

Leia, na íntegra, a catequese do Papa Francisco.

A esperança cristã - 27. Os Santos, testemunhas e companheiros de esperança

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No dia do nosso Batismo ressoou para nós a invocação dos santos. Muitos de nós naquela época eramos crianças, levados em braços pelos seus pais. Pouco antes de receber a unção com o óleo dos catecúmenos, o símbolo do poder de Deus na luta contra o mal, o padre convidou toda assembleia a orar por aqueles que estavam prestes a receber o Batismo, invocando a intercessão dos santos. Esta foi a primeira vez que, no decurso das nossas vidas, nos foi doada a companhia doas irmãos e irmãs “maiores” – os santos - que passaram pela mesma estrada que nós, que conheceram as nossa fadigas e vivem para sempre no abraço de Deus. A carta aos hebreus define esta companhia à nossa volta como a “multidão de testemunhas”(12.1). Assim são os santos: uma multidão de testemunhas.

O cristão, na luta contra o mal, não desespera. O cristianismo cultiva uma confiança insanável: não acredita que as forças negativas e destrutivas possam prevalecer. A palavra final sobre a história do homem não é o ódio, não é a morte, não é guerra. Em cada momento da vida, testemunhamos a mão de Deus, e até mesmo a presença discreta de todos os crentes que "nos precederam com o sinal da fé" (Canon Romano). A sua existência diz-nos, antes de tudo, que a vida cristã não é um ideal inatingível. Ao mesmo tempo conforta-nos: não estamos sozinhos, a Igreja é composta de inúmeros irmãos, muitas vezes anónimos, que nos precederam e que pela ação do Espírito Santo estão implicados na vida dos que agora ainda aqui vivem.

A invocação dos santos no batismo não é a única invocação que marca o caminho da vida cristã. Quando dois namorados consagram o seu amor no sacramento do Matrimónio, esta invocação regressa - desta vez como um casal - a intercessão dos santos. E esta invocação é uma fonte de confiança para os jovens que saem para a "viagem" da vida de conjugal. Aqueles que amam realmente tem o desejo e a coragem de dizer "para sempre" - "para sempre" - mas sabendo que precisam da graça de Cristo e da ajuda dos santos para viver a vida de casado para sempre. Não como alguns dizem, "enquanto o amor." Não: para sempre! Caso contrário, é melhor não se casar. Ou para sempre, ou nada. Para isso, na liturgia casamento se invoca a presença dos santos. E em tempos difíceis, devemos ter a coragem de olhar para o céu, pensando em muitos cristãos que passaram pela tribulação e tornaram brancas as suas roupas batismais, lavando-as no sangue do Cordeiro (Ap 7,14): como se afirma no livro do Apocalipse. Deus nunca nos abandona: sempre que precisamos virá o seu anjo para nos levantar e para infundir consolação. "Anjos", por vezes, com um rosto e um coração humanos, porque os santos de Deus estão sempre aqui, escondidos entre nós. Isto é difícil de compreender e até mesmo de imaginar, mas os santos estão presentes nas nossas vidas. E quando alguém chama um santo ou uma santa, é precisamente porque é vizinho de nós.,

 

Mesmo os sacerdotes guardam e recordam uma invocação dos santos pronunciado sobre eles. É um dos momentos mais tocantes da liturgia da ordenação. Os candidatos são colocados no chão, com o rosto por terra. E toda a assembleia, conduzida pelo bispo, invoca a intercessão dos santos. Um homem seria esmagado sob o peso da missão que lhe foi confiada, mas sentindo que todo o céu está por trás dele, que a graça de Deus não falhará porque Jesus permanece fiel, então pode partir sereno e refrescado. Não estamos sós.

E o que somos nós? Nós somos poeira que aspira ao céu. Fracas as nossas forças, mas poderoso o mistério da graça que está presente na vida dos cristãos. Senso fiéis a esta terra, que Jesus amou em cada momento da sua vida, mas sabendo e esperando na transfiguração do mundo, na sua realização definitiva em que, finalmente, não haverá lágrimas, maldade e sofrimento.

 

Que o Senhor conceda a todos nós a esperança de ser santo. Mas alguns podem-me perguntar: “padre, pode ser-se santo na vida de todos os dias? Sim, pode-se. "Mas isso significa que devemos orar todo o dia?” Não, isto significa que deves fazer tudo o que te compete, tudo o que é teu dever durante o dia: rezar, trabalhar, cuidar dos filhos. Mas fazendo tudo com o coração aberto para Deus, de modo a que o trabalho, mesmo a doença e o sofrimento, mesmo nas dificuldades, estejamos abertos a Deus. E deste modo pode-se ser santo. Que o Senhor nos dê a esperança de ser santo. Não pensemos que é uma coisa difícil, que é mais fácil ser-se delinquente do que santo! Não. Pode-se ser santo porque assim se ajuda o Senhor: E ele ajuda-nos!

É o grande presente que cada um de nós pode dar ao mundo. Que o Senhor nos dê a graça de acreditar nele tão profundamente que nos tornemos a imagem de Cristo para este mundo. A nossa história precisa de “místicos”: pessoas que se recusam o poder, aspirando à caridade e à fraternidade. Homens e mulheres que vivem aceitando mesmo uma porção de sofrimento, por carregar da fadiga dos outros. Mas sem estes homens e mulheres o mundo não têm esperança. Para isso desejo para vós – e também para mim - que o Senhor nos dê a esperança de ser santo.

Tradução: Educris a partir do original italiano

Educris|21.06.2017



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