Audiência geral: "Consoladores à imagem do Paráclito"

Na manhã de quarta-feira o Papa Francisco continuou a série de audiências gerais onde tem apresentado o tema da esperança. Hoje o Papa apresentou o Espírito Santo, o Paráclito que é portador de esperança transbordante

A esperança cristã - 24. O Espírito Santo faz-se abundante de esperança

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Na véspera da Solenidade de Pentecostes não podemos deixar de falar sobre a relação que existe entre a esperança cristã e o Espírito Santo. O Espírito é o vento que nos empurra para a frente, que nos mantém no caminho, que nos faz sentir peregrinos e estrangeiros, e não permite que nos tornemos um povo confortável, tornando-nos um “povo sedentário”.

A carta aos Hebreus compara a esperança a uma âncora (cf. 6,18-19); e nesta imagem podemos acrescentar aquela outra, a da vela. Se a âncora é o que dá a segurança ao barco e o mantém “ancorado” perante o balanço do mar, a vela é, ao invés, o que faz navegar e avançar sobre as águas. A esperança é realmente como uma vela; ela recolhe o vento do Espírito Santo e transforma-o numa força motriz que impulsiona o barco, conforme cada altura, ao largo ou perto da costa.

O apóstolo Paulo conclui a sua Carta aos Romanos com este desejo: vede bem, escutemos bem este desejo: Que o Deus da esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança, pela força do Espírito Santo. (Rm15,13). Reflitamos um pouco acerca do conteúdo desta bela palavra.

A expressão "Deus da esperança" não significa apenas que Deus é o objeto da nossa esperança, que é a de com Ele esperar alcançar um dia a vida eterna; também significa que Deus é aquele que mesmo no hoje da história se faz esperar, na verdade torna-nos "alegres na esperança" (Rm 12,12): alegres hoje no esperar, e não apenas uma esperança de estar alegres. E a alegria da esperança, e não de esperar, torna-se alegria hoje. "Enquanto há vida, há esperança", diz um ditado popular; e também é verdade: enquanto há esperança, há vida. Todos os homens precisam de esperança para viver e precisamos do Espírito Santo para a esperança.

São Paulo - ouvimos - atribuí ao Espírito Santo, a capacidade de nos fazer, de verdade, "abundantes na esperança”. Ser abundante em esperança significa nunca estar desencorajado; significa esperar «contra toda a esperança» (Rm 4,18), que é esperar mesmo quando já não resta nenhum motivo humano para ter esperança, como no caso de Abraão quando Deus lhe pediu para sacrificar o seu único filho, Isaac, ou no caso da Virgem Maria perante a cruz de Jesus.

O Espírito Santo torna possível esta esperança invencível dando-nos o testemunho interior de que somos filhos de Deus e seus herdeiros (Rm 8,16). Como poderia Aquele que nos deu o seu Filho único não nos dar tudo o mais juntamente com Ele? (Cf. Rm 8,32) «A esperança - irmãos e irmãs - não desilude: a esperança não nos dececiona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5). Por isso não dececiona, porque é o Espírito Santo dentro de nós que nos impulsiona a seguir em frente, sempre! E por isto a esperança não dececiona.

E ainda mais: o Espírito Santo torna-nos capazes não só de esperar, mas também de ser semeadores da esperança, de ser, também nós – como Ele e graças a Ele – o “paráclito”, o consolador e defensor dos irmãos, semeadores da esperança. Um cristão pode semear a amargura, pode semear a perplexidade, e isto não é um cristão, e quem faz isto não é um bom cristão. Semear na esperança: semear o óleo de esperança, semear no perfume da esperança e não vinagre da amargura e da desesperança. O Beato Cardeal Newman, num dos seus discursos, dizia aos fiéis: “conhecendo bem o nosso próprio sofrimento, as nossas próprias dores, também, os nossos próprios pecados, abramos a mente e o coração para exercitar toda a obra de amor para com aqueles que tenham necessidade. Seremos, na medida da nossa capacidade, consoladores à imagem do Paráclito - isto é, o Espírito Santo -, em todos os sentidos que a palavra comporta: advogados, assistentes, portadores de conforto. As nossas palavras e os nossos conselhos, o nosso modo de atuar, a nossa voz, o nosso olhar, serão gentis e tranquilizantes» (Parochial and Plain Sermons, Vol. V, Londres, 1870, pp. 300s.). São sobretudo os pobres, os excluídos, os não amados que tem necessidade de alguém que se faça para eles mesmo “paráclito”, ou seja consolador e defensor, como o Espirito Santo faz com cada um de nós, que estamos aqui nesta Praça, consolador e defensor. Devemos fazer o mesmo com os mais necessitados, com os descartados, com aqueles que tem mais necessidade, aqueles que mais sofrem. Defensores e consoladores!

O Espírito Santo alimenta a esperança não só nos corações dos homens, mas também em toda a criação. Diz o Apóstolo Paulo – isto soa a algo um pouco estranho, mas é verdade: Que até mesmo a criação “aguarda com ardente esperança” a libertação e “geme e sofre” como as dores de um parto (Rm 8,20- 22). «A energia capaz de mover o mundo não é uma força anónima e cega, mas é a ação do Espírito de Deus que ‘pairava sobre as águas’ (Gen1,2) no início da criação» (Bento XVI, homilia, 31 Maio de 2009). Também isto nos persuade a respeitar a criação: não se pode desfigurar uma pintura sem ofender o artista que o criou.

Irmãos e irmãs, a próxima festa de Pentecostes - que é o aniversário da Igreja – que se reúne em oração unanime, com Maria, a Mãe e jesus e nossa Mãe. E o dom do Espírito Santo torna-nos ricos na esperança. Digo-vos mais: que se distribua abundantemente a esperança com todos aqueles que tem maior necessidade, os mais descartados e para todos os que tem necessidade. Obrigado.

Trdaução: Educris a partir do original italiano



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