Fátima 2017: Papa Francisco fala aos jornalistas no regresso ao Vaticano

O Papa Francisco manteve a tradição e disponibilizou-se para responder a várias questões dos jornalistas presentes no avião papal na viagem de regresso a Roma após a peregrinação a Fátima por ocasião do Centenário das Aparições e na Canonização dos Pastorinhos.

 

No início da conferência de imprensa, que durou cerca de quarenta minutos, Greg Burke, diretor da sala de imprensa do Vaticano, afirmou que “as ultimas 24 horas foram muito intensas” e lembrou aos presentes “que a Senhora de Fátima não apareceu a três jornalistas a a três pastorinhos simples” e, nessa simplicidade “que é a santidade, a mensagem chegou a todo o mundo”, sustentou.

Fátima, paz e Trump

O Papa começou por pronunciar sobre a relação entre Fátima, a Paz e a visita do presidente Trump no próximo dia 24 de maio ao Vaticano:

“Fátima tem uma mensagem de paz que foi levada ao mundo por três grandes comunicadores menores de 13 anos, o que não deixa de ser interessante. Vim a Fátima com peregrino e canonizei os pastorinhos porque o processo se precipitou com todas as perícias a serem validadas. A mensagem de Fátima é de paz. Para mim foi uma imensa felicidade estar aqui. O que vou falar com todos aqueles com quem me encontre: De paz!”

Perante a insistência da jornalista portuguesa Fátima Campos Ferreira, que voltou a questionar sobre o que fica “deste momento histórico para a Igreja e para o Mundo” Francisco foi perentório:

“Uma mensagem de paz. Antes de vir para Fátima recebi um conjunto de cientistas de várias religiões que estavam no Vaticano a trabalhar. De entre eles havia também agnósticos e ateu. Um ateu disse-me: Sou Ateu. Não me disse de que etnia nem de onde vinha. Falava em Inglês. Como não me disse de onde vinha também não perguntei. E ele continuou: «Peço-lhe uma coisa. Diga aos Cristãos que amem mais os Muçulmanos». Esta é uma mensagem de paz!

Sobre o presidente Trump o Francisco afirmou que “primeiro quero encontrar-me com ele antes de fazer suposições”. Em segundo lugar o Papa sustentou que “é preciso abrir portas de diálogo” mesmo quando não se está sempre de acordo.

“A paz é caseira. Faz-se todos os dias. Compreensão mutua, amizade entre as pessoas, dizer o que se pensar e caminhar juntos”, são elementos que sustentam a paz.

Um bispo, uma Virgem e uma ligação com o branco

A jornalista portuguesa Aura Miguel questionou o Papa sobre o porquê de ter usado a expressão «bispo vestido de branco» já utilizada por São João Paulo II. Francisco respondeu considerando que percecionou aí, no branco, uma conexão:

“Sim, na oração. A oração foi elaborada pelo Santuário e não por mim. No entanto eu perguntei-me sobre o porque de o terem escrito. Pensei que de facto existe uma conexão entre o branco do bispo, a Senhora de branco, a inocência do branco nas crianças neófitas. Existe uma ligação, naquela oração, acerca do branco. Penso que tem sempre a ver com a questão da paz, com o não fazer guerra”.

O Papa sustentou que não se trata de uma reinterpretação de Fátima e da sua mensagem uma vez que isso mesmo já escreveu o então cardeal Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé”.

Uma necessária educação cristã e o risco do clericalismo

Durante a conferência de imprensa uma jornalista portuguesa, da Agência Lusa, questionou o Papa Francisco acerca da percentagem de católicos em Portugal e o modo como tal pertença à Igreja não significa uma sociedade construída nos valores cristãos.

Francisco respondeu assim:

“É um problema político. E também porque a consciência católica é uma consciência que por vezes não está em adesão total com a Igreja. Por detrás disso está também uma catequese que não é matizada, uma catequese humana…OU seja, o catecismo da Igreja católica é um exemplo do que é algo sério e matizado. Creio que também existe falta de formação e de cultura. Porque é curioso: Noutras regiões do mundo – penso em Itália e em alguns países da américa latina onde as pessoas se afirma muito católicas mas são anticlericais.

Digo muitas vezes aos sacerdotes: fujam do clericalismo porque ele afasta as pessoas. È uma praga para a Igreja. Isto também é trabalho da catequese, da consciencialização, do diálogo com valores humanos. 



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