Educação Cristã: Educação para a misericórdia

A semana da educação cristã (20 a 27 de Setembro) chama a nossa atenção para a importância fundamental e decisiva da boa educação que se manifesta na prática do bem, da justiça e da misericórdia.

Vivemos em tempos difíceis para a educação. Sentimos hoje uma emergência educativa. Precisamos de rever e acertar o tipo de educação que oferecemos na família, na sociedade, na escola e na Igreja. Porque precisamos de rever e acertar? Porque os resultados não correspondem aos esforços. Qualquer coisa não está certa quando não resulta. Investimos muitos recursos em pessoas e materiais. E que frutos colhemos? Impressiona o egoísmo crescente que leva muitos a viver apenas para si mesmos. A agressividade e a violência parecem crescer. Há muitos dramas ocultos dentro das paredes do lar causados pela violência doméstica de vária ordem; têm aumentado as cenas de violência nas escolas; a indiferença parece generalizar-se; a fraude e a mentira são comuns no quotidiano.

Ao mencionar estes aspetos negativos estou a exagerar realçando uma visão pessimista. Na realidade, encontramos também muitos resultados positivos. Mas a impressão geral é que tem crescido o egoísmo, a fraude, a intolerância, a arrogância e a indiferença. Temos de aceitar esta situação como normal, como uma fatalidade? Não! É possível educar de forma diferente. Vemos essa alternativa de forma concreta em famílias, em escolas e na Igreja onde se forma gente de boa relação, responsável pelo bem comum, atenta à solidariedade e respeitadora da dignidade e da verdade. Baseados no que vemos podemos sonhar e semear de forma diferente para alcançarmos melhores frutos com a educação. Pelos frutos conhecemos a árvore. E os frutos que vemos do atual sistema educativo marcado pela permissividade, pela indisciplina, pelo individualismo, pela ausência de referências, não convencem da qualidade da árvore. Por isso, todos nos devemos preocupar e colaborar na revisão e no acerto da educação. Só assim podemos construir um futuro melhor.

 Neste contexto compreendemos o contributo precioso da educação e dos educadores cristãos. Acompanham e orientam no caminho que leva cada um a sair de si mesmo e a abrir-se à realidade, aos outros, a Deus. Formam a consciência moral com critérios fundamentados na verdade, no serviço, na misericórdia. Promovem a fraternidade, a comunidade, a alegria.

Este ano, respondendo à proclamação do Ano da Misericórdia pelo papa Francisco, adotamos como lema “felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”. Na Nota Pastoral feita para a semana pode ler-se a concretização da atitude de misericórdia: “Acolher a misericórdia e ser misericordioso é ter Jesus Cristo como referencia na forma de ver, de viver e de agir. A misericórdia gera no cristão um modo diferente de ser e de agir no contexto da cultura atual: face a um clima de indiferença, a fé cristã propõe a atenção, o cuidado e o serviço mútuos; perante o individualismo, a relação cordial e a ajuda fraterna; contra a agressividade, a bondade; diante da discriminação, o acolhimento sem distinção de pessoas; em vez da violência e da vingança, o perdão e a paz”.

De facto, o cristianismo é como um fermento que pode renovar a humanidade na justiça, na paz e na alegria. Por isso, a educação e os educadores cristãos têm hoje uma missão de grande importância e beleza.

+Manuel Pelino Domingues

Imagem: Agência Ecclesia

 

 



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