O prazer é uma canção de liberdade,
Mas não é a própria liberdade.
É o despontar dos teus desejos,
Mas não o seu fruto.
É um abismo a clamar pelo céu,
Mas não é nem o abismo nem o céu.
É a ave enjaulada a voar em liberdade,
Mas não é o espaço que ela percorre.
Na verdade, o prazer é uma canção de liberdade.
Gostava que a cantasses com todo o teu coração,
Mas não quero que percas o coração ao cantá-la.
Alguns jovens buscam o prazer como se fosse tudo na vida,
E, por isso, são julgados e repreendidos.
Eu não os julgo nem os repreendo.
Prefiro dizer-lhes que partam em busca.
Não ouviste falar do homem que estava a cavar a terra
Á procura de raízes e encontrou um tesouro?
Alguns anciãos recordam os seus prazeres com remorsos,
Como se fossem erros cometidos durante a embriaguez.
Deviam recordar os seus prazeres com gratidão,
Como quem recorda as colheitas de Verão.
Os que não buscam nem recordam temem o prazer,
Pois pensam que lhes irá
Kahlil Gibran