Vaticano: «A preguiça: lenta agonia da indiferença»

Na quarta meditação ao Papa Francisco e aos membros da Cúria Romana o padre Tolentino Mendonça refletiu sobre «Esta sede do nada que nos faz adoecer».

O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa apresentou, na sua meditação, o contrário da sede, a preguiça:

“Quando perdemos a curiosidade e nos fechamos ao inédito ficamos apáticos e começamos a ver a vida com indiferença. Por sua vez, a sede ensina-nos a arte de procurar, de aprender, colaborar, a paixão de servir. Quando renunciamos à sede, começamos a morrer”, apontou citado pelo portal de notícias do Vaticano.

O padre e poeta português apontou “para os muitos sofrimentos escondidos cujas origens devemos descobrir” pois “escondem-se no mistério da solidão humana:

“Um dos problemas mais comuns hoje é o chamado ‘burnout’: sentir-se em curto-circuito, esvaziado de energias físicas e mentais. Este esgotamento emocional é definido por alguns como ‘síndrome do bom samaritano desiludido’ e atinge muitas pessoas que fazem da ajuda e da cura ao próximo a sua ocupação principal, como os sacerdotes,” afirmou.

Fazendo referência uma pesquisa realizada na diocese de Pádua, na Itália, e que apontou os padres mais novos como os que mais facilmente atingem o 'burnout’ o padre Tolentino Mendonça sustentou que é necessário quebrar o ciclo do esgotamento porque “quando nos sentimos abandonados, incompreendidos e com o coração ferido por dores que não sabemos curar, temos a impressão de não contar nada para ninguém”:

“Fica só um vazio, uma ‘cratera’ existencial a ser preenchida com angústias e mundanidades: álcool, redes sociais, consumismo ou hiperatividade”.

Por outro lado “quando nos sentimos amados como pessoas, amparados com afeto e acompanhamento, sabendo que o nosso trabalho interessa, envolve e apaixona, temos a certeza de existir”, sustentou.

O pregador propôs então uma “terapia de desejo” e usou o exemplo de Jonas para este caminho:

“Recorrer à terapia do humor para satisfazer o desejo: o livro bíblico de Jonas faz-nos sorrir salutarmente de nós mesmos, ao invés de dramatizar. Ele diz-nos que a sabedoria está nos anunciadores de esperança e não nos apocalíticos pregadores de tragédias”.

Educris|20.02.2018

Imagem: Vatican.va

 



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