Audiência-geral: «O batismo,porta da esperança»

Na manhã de quarta-feira o Papa Francisco continuou a série de audiências gerais onde tem apresentado o tema da esperança. Hoje o Papa apresentou o batismo como a porta da esperança. 

Leia, na íntegra, a catequese do Papa Francisco.

A esperança cristã - 29. O Batismo: porta de esperança

 

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

Houve tempos em que as Igrejas estavam contruídas em direção ao leste. Entrava-se no edifício sagrado por uma porta aberta em direção ao ocidente, e andando pela nave central, dirigíamo-nos rumo ao oriente.  Era um símbolo importante para o homem antigo, uma alegoria que ao longo da história foi ficando desatualizada. Nós, os homens da idade moderna, muito menos habituados a compreender os grandes sinais do cosmos, dificilmente acolhemos algo particular deste género. O Ocidente é um ponto cardeal do pôr do sol, onde a luz morre. O Oriente, por outro lado, é o lugar onde as sombras são vencidas pela primeira luz da aurora, e lembram-nos o Cristo, ressuscitado do Sol no horizonte do mundo (cf. Lc 1:78).

Os antigos ritos de batismo, previam que os catecúmenos emitissem a primeira parte da sua profissão de fé mantendo o rosto em direção ao Ocidente. E nessa posição eram interrogados: “Renunciais a Satanás, ao seu serviço e às suas obras?” -  E os futuros cristão repetiam em coro: “Renuncio!”. Depois disto viraram-se em direção à Abside para o leste, de onde vem a luz, e os candidatos ao batismo eram de novo interrogados: “Credes em Deus Pai, Filho e Espirito Santo?”. E de novo eles respondiam: “Sim, Cremos!”.

Nos tempos modernos esqueceu-se parcialmente o fascínio por este rito: perdemos a sensibilidade à linguagem do cosmos. Resta naturalmente a profissão de fé, feita de acordo com o interrogatório batismal, que é característica da celebração de alguns sacramentos. Essa permanece intacta no seu significado. O que significa ser cristão? Podemos dizer olhar para aluz, continuar a fazer uma profissão de fé na luz, mesmo quando o mundo está envolto na noite e nas trevas.

Os cristãos não estão isentos da escuridão, externa e mesmo interna. Não vivem fora do mundo, no entanto, pela graça de Cristo, recebida no Batismo, são homens e mulheres “orientados": não acreditam na obscuridade, mas na luz do dia; não sucumbem à noite, mas esperam na aurora; não são derrotados pela morte, mas ansiando ressurgir; não estão empenhados no mal, porque confiam sempre nas infinitas possibilidades do bem. E esta é a nossa esperança cristã. A luz de Jesus, a salvação que Jesus nos traz com a sua luz que nos salva das trevas.

Nós somos aqueles que acreditam que Deus é Pai: esta é a luz! Não somos órfãos, temos um Pai e o nosso Pai é Deus. Cremos que Jesus está presente no meio de nós, andou nas nossas próprias vidas, tornando-se companheiro sobretudo dos mais pobres e mais frágeis: Esta é a luz! Nós acreditamos que o Espírito Santo trabalha incansavelmente para o bem da humanidade e do mundo, e até mesmo as maiores tristezas da história serão superadas: esta é a esperança que renasce em todas as manhãs! Acreditamos que todo carinho, toda a amizade, todo o bom desejo, todo o amor, mesmo o mais pequeno e negligenciado, um dia vai encontrar a sua realização em Deus: esta é a força que nos impulsiona a abraçar com entusiasmo a nossa vida todos os dias! E esta é a nossa esperança: a viver na esperança e viver na luz, na luz de Deus Pai, à luz de jesus Salvador, à luz do Espírito Santo que nos impulsiona para seguir em frente na vida.

Depois, há um outro sinal muito bonito na liturgia batismal que nos lembra a importância da luz. Após o final do rito, aos pais - se é uma criança - ou mesmo ao batizado – se é adulto - é dada uma vela, cuja chama é acesa no círio pascal. Esta é a maior vela que na Vigília Pascal entra na igreja completamente escura para dar a conhecer o mistério da Ressurreição de Jesus; daquele cirio todos acendem a sua vela e passam a chama aos vizinhos: neste sinal está a a lenta propagação da Ressurreição de Jesus na vida de todos os cristãos. A vida da Igreja – digo-o numa palavra um pouco forte, é contaminar-se de luz. Quanto mais tenhamos nos cristãos a luz de Jesus, mais a luz de Jesus estará na vida de uma Igreja sempre mais viva. A vida da Igreja é contaminação de luz.

A exortação mais bonita que podemos afirmar aos outros lembrarmo-nos sempre do nosso batismo. Gostaria de perguntar-vos: quantos de vós se lembram da data de vosso batismo? Não respondam porque ainda alguém vai ter vergonha! Pensai e se não vos recordais, tende um trabalho de casa para fazer: ide ter com a vossa mãe, com o pai, a tia, o tio, a avó ou o avô e perguntai: Qual é a data do meu batismo?” E não vos esqueçais novamente! Está claro? Fá-lo-eis?  O compromisso de hoje é o de aprender ou lembrar-se da data do batismo, que é a data de nascimento, é a data da luz, é a data em que – permito-me uma palavra- na qual somos contaminados pela luz de Cristo. Nós nascemos duas vezes: primeiro pela via natural, a segunda, graças ao encontro com Cristo, na fonte batismal. Ali matámos a morte, para viver como filhos de Deus neste mundo. Ali tornamo-nos humanos como nunca havíamos imaginado.  É por isso que todos nós temos de espalhar a fragrância do crisma com o qual fomos marcados no dia do nosso Batismo. Em nós vive e opera o Espírito de Jesus, o primogénito de muitos irmãos, de todos aqueles que se opõem à inevitabilidade das trevas e da morte.

Que graça quando um cristão se torna verdadeiramente um "cristo-foro", que significa "portador de Jesus" no mundo! Especialmente para aqueles que estão a passar por situações de luto, desespero, escuridão e ódio. E isto pode ser entendido por muitos pequenos detalhes: a luz que um cristão transporta nos olhos, com um fundo sereno que não é afetado mesmo nos dias mais complicados, o desejo de começar e desejar o bem mesmo quando se experimentaram muitas deceções. No futuro, quando se escrever a história dos nossos dias, o que se dirá de nós? Que fomos capazes da esperança, ou que colocámos a nossa luz debaixo do alqueire? Se formos fiéis ao nosso batismo, vai-se espalhar a luz da esperança, o Batismo é o início da esperança, aquela esperança de Deus que podemos passar para as gerações futuras com razões para viver.

Tradução: Educris a partir do original italiano

Educris|02.08.2017



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