Audiência-geral: Papa lembra responsabilidade "comum perante os refugiados"

Namanhã desta quarta-feira o Papa Francisco retomou as suas catequeses refletindo sobre mais duas obras de misericórdia corporais: Dar pousada aos peregrinos e Vestir os nus.

O Papa começou a sua reflexão olhando para a realidade dos nossos dias:

"A crise económica, os conflitos armados e as mudanças climáticas obrigam tantas pessoas a emigrar. Todavia, as migrações não são um fenómeno novo, mas pertencem à história da humanidade. É falta de memória histórica pensar que são características dos nossos tempos", afirmou o Papa para ilustrar esta ideia com passagens bíblicas.

Francisco lamentou que "o contexto de crise económica de hoje favoreça atitudes de fecho e não de acolhimento. Em algumas partes do mundo, surgem muros e barreiras. O instinto egoísta ofusca o trabalho de quem se esforça em assistir os migrantes.  Mas o fecho não é uma solução; pelo contrário, favorece os tráficos criminosos. A única via de solução é a da solidariedade, à qual os cristãos são chamados com particular urgência", alertou.

Para o Papa este "é um compromisso que envolve todo o ser humano pois ninguém está excluído. As dioceses, as paróquias, os institutos de vida consagrada, as associações e os movimentos são chamados a acolher os irmãos e as irmãs que fogem da guerra, da fome, da violência e de condições de vida desumanas. Todos juntos somos uma grande força de amparo para quem perdeu a pátria, a família, o trabalho e a dignidade".

A lição da senhora com o refugiado no taxi

Francisco contou aos presentes a história de uma senhora que levou consigo um imigrante, de táxi, até ao Vaticano, para atravessar a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. O Papa afirmou que o homem “cheirava mal” e o taxista resistiu inicialmente à ideia de o transportar, mas acabou por ouvir, pelo caminho, uma “história de dor, de guerra e de fome”.

“Quando chegaram, a senhora abriu a mala para pagar e o taxista, o motorista que no início não queria que este migrante entrasse, porque fedia, disse-lhe: ‘Não, senhora, eu é que lhe devia pagar, porque me deixou ouvir uma história que mudou o meu coração’”, relatou.

Segundo o Papa, histórias como esta “perfumam a alma” e levam as pessoas a mudar:

"Pensem nesta história e pensemos no que podemos fazer pelos refugiados", prosseguiu.

No final o Papa rezou pedindo a Deus que "não caiamos na armadilha de nos fecharmos em nós mesmos, indiferentes às necessidades dos irmãos e preocupados somente com os nossos interesses. É precisamente na medida em que nos abrimos aos outros que a vida se torna fecunda, as sociedades reconquistam a paz e as pessoas recuperam sua plena dignidade. E não se esqueçam daquela senhora, daquele refugiado e do taxista ao qual o aquele homem mudou a alma".



Newsletter Educris

Receba as nossas novidades