Vaticano: Papa apresenta duas obras de misericórdia corporais

Na manhã desta quarta-feira Francisco refletiu sobre duas das catorze obras de misericórdia: "dar de comer a que tem fome e dar de beber a quem tem sede". Na audiência geral o Papa alertou para a doença da "indiferença" que permite que "uns passem fome ao lado de outros que vivem em abundância".

 

No início da sua catequese o Papa começou por afirmar que "a experiência da fome é dura" e repete-se todos os dias, por vezes até ao "lado da abundância e do desperdício". Esta indiferença por quem sofre nasce, afirmou Francisco, como consequência do "bem-estar" em que sevive e conduz a que as pessoas se fechem sobre si mesmas tornando-se insensíveis às necessidades dos outros":

"Perante certas notícias e sobretudo certas imagens, a opinião pública sente-se interpelada e adere a campanhas de ajuda que visam estimular a solidariedade; esta frutifica em doações generosas, contribuindo assim para aliviar o sofrimento de muita gente", sublinhou para afirmar que "esta forma de caridade é importante, mas talvez não nos toque e não nos faça vibrar pessoalmente. Mas quando nos cruzamos com uma pessoa necessitada, ou quando um pobre bate à nossa porta, o caso muda, porque à nossa frente não temos uma imagem, mas a pessoa real que nos interpela", sustentou o pontífice.

Perante o pobre, diante do necessitado o que fazer? A importância do Pai-Nosso

Francisco interrogou os presentes sobre o modo como olhamos e encaramos a realidade da pobreza:

"Neste caso viramos a cara para o lado? Fingimos não ver? Vejo se a posso socorrer de algum modo, ou procuro libertar-me o mais depressa possível?".

Para o Papa a resposta está no modo como rezamos o Pai-Nosso e não nos apercebemos que afirmamos nela "«o pão nosso de cada dia os dai hoje»". Neste ponto o Santo Padre convidou os presentes a retomarem aleitura de São Tiago [Tg 2, 14] lida no início da audiência-geral.

A fé, sem obras, está morta

Como afirma o apóstolo "há sempre alguém que tem fome e sede e tem necessidade de mim", não apenas da minha esmola, mas "da minha ajuda, da minha palavra, do meu compromisso".

A este propósito lembrou Jesus aos discípulos no Evangelho de Marcos: 'dai-lhes vós mesmo de comer'. Para o Papa este episódio é "uma lição muito importante para nós porque nos diz que o pouco que temos se o confiamos nas mãos de Jesus e o partilhamos com fé, torna-se numa riqueza superabundante".

No final da sua catequese o Francisco recordou as palavras do Papa emérito Bento XVI que afirma na Encíclica Caritas in Veritate:'Dar de comer a quem tem fome é um imperativo ético para a Igreja Universal”.

"É através do 'dar de comer a quem tem fome' e do 'dar de beber a quem tem sede' que passa a nossa relação com Deus, um Deus que revelou em Jesus o seu rosto de misericórdia",sintetizou.

 



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